Neste final de férias, férias só
para quem pode como é o caso da classe política em geral, que tem sempre as
subvenções garantidas, os actores chefes congregam as hostes para alinhavarem
estratégias e perpetuarem o circo e a palhaçada pseudo política durante mais um
ano, pelo menos, enquanto o povo vai sofrendo cada vez mais com impostos, taxas
e cortes de rendimentos e de direitos.
Pensei que uma universidade fosse
uma instituição altamente prestigiada e vocacionada para o ensino superior,
para a investigação e para a especialização, sempre na vanguarda do
conhecimento, que transmite a verdadeira sabedoria acerca do mundo e do homem, isenta,
universal e objectiva. Mas afinal, todos os anos, há uma suposta “universidade”
que abre as portas, apenas durante dois ou três dias para formatar alguns
futuros carrascos do povo, através de meia dúzia de larachas e visões
particulares do mundo e da vida, agregadas a lobbies e poderes legitimadores desta farsa democrática em que
vivemos.
Formar verdadeiros especialistas e
profissionais, competentes em qualquer área de actividade, demora anos ou
décadas. Por isso, desconfio muito da competência de certos operacionais
amadores que aprendem do pé para a mão a honrosa arte de governar, em “universidades
de Verão” ou em acções de suposta “formação de quadros”, durante um fim de semana,
seguindo um verdadeiro programa de “Novas Oportunidades”.
Ninguém se lembra de aproveitar esta
pausa estival para um verdadeiro estágio formador e trocar a areia macia da
praia pelo peso da areia e do cimento de um balde de massa, na construção civil
ou pela dureza do esforço de quem roça o mato e as silvas que todos os anos se
transformam num imenso pasto de chamas. O serralheiro sabe forjar o ferro e
temperar o aço no calor do fogo, mas o verdadeiro líder tem que ser forjado no
confronto directo com a dura realidade da vida e não no conforto mimado do sofá
partidário, embalado pelo discurso fácil de promessas enganadoras.
Neste palco ou passerelle das
vaidades político-partidárias, há quem transforme o velho, frio e disciplinado
politburo num escaldante arraial de diversão diurna e nocturna, numa festa da
música e de sedução, junto à praia, no meio da abundância de bifes, bifanas e
bebidas refrescantes que fariam inveja aos pobres proletários do séc. XIX. É um
enorme arraial, na quinta privada da família, no verdadeiro estilo da próspera
propriedade latifundiária e capitalista, animado ao som dos clássicos da ideologia
materialista, das modas clubísticas e da repetida cassete discursiva, que quase
esqueceu, já, o rigor da luta pelo controlo operário, pelas nacionalizações,
pela unicidade sindical, contra o patronato reaccionário e explorador e pela
defesa dos alegados direitos dos trabalhadores porque ao longo destes quarenta
anos de arraial pseudo-revolucionário e de perseguição e destruição de todo o
patronato, considerado fascista, aquele patronato que criava riqueza e dava
emprego, o país está agora a saldo, nas mãos do capital estrangeiro, controlado
pelos lobbies latifundiários da
finança europeia e mundial (virou-se o feitiço contra o feiticeiro) e os portugueses
estão reduzidos à indigência e condenados à emigração, ao “salve-se quem puder”,
ao desemprego e à submissão e exploração de políticos ilegítimos, irresponsáveis
e incompetentes. Com o país em ruínas, sem operários e sem proletários (porque
já não há prole), a velha cassete, os imperativos pseudo-revolucionários e as
palavras de ordem já se tornaram completamente obsoletas e deslocadas.
Enquanto decorre esta palhaçada, o país é devorado
pelas chamas que consomem a riqueza florestal e ambiental do país, arruínam
vidas e propriedades e ninguém tem uma palavra sobre a forma de acabar com esta
calamidade nacional. Em vez disso, o palco partidário transforma-se em ringue
de lutas entre galos pelo poleiro e de acusações sobre o passado e ameaças para
o futuro.
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