quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Presidente da República: desilusão, fiasco!

Que regime jurídico-político é este, que sistema é o nosso que condenou um profissional da GNR que, involuntariamente causou uma morte quando se empenhava corajosamente a defender a lei e a ordem pública, no combate ao crime, e agora iliba todo o governo da morte de mais de uma centena de pessoas, da destruição de grande parte da riqueza florestal do país e de dezenas de fábricas, de máquinas e de casas, de milhões de euros de prejuízo, desta gigantesca devastação, de um enorme crime ambiental?
Pelas palavras do senhor Presidente da República, na comunicação oficial depois da tragédia dos último fim de semana, é preciso que morra mais meia centena de portugueses, é preciso que se destruam mais umas dezenas ou centenas de fábricas e de casas, é preciso que o resto da mancha verde, que ainda nos resta para nos dar algum oxigénio, fique reduzida a cinzas para que se decida a demitir o governo e fazer uma limpeza a toda a incompetência política que nos tem desgraçado.
Em vez de tomar uma decisão firme e corajosa o senhor presidente da República sacode a água do capote e remete o destino do governo para a Assembleia da República. Pensei que esta enorme desgraça, esta hecatombe humana, esta destruição e devastação de florestas, casas, fábricas, etc. fossem mais do que suficiente para demitir imediatamente este desgoverno, mas enganei-me. Não posso acreditar. O que é preciso mais? Por que não obrigar o governo e toda a classe política a dormir no meio da cinza, sem água, sem luz, sem nada para sentirem na pele as agruras desta catástrofe?
A floresta não tem culpa nenhuma dos incêndios. É preciso que isto fique bem claro. Não é a reforma da floresta que vai resolver a catástrofe dos incêndios. É preciso defender as pessoas do ponto de vista pessoal e social. Se houver harmonia e bem-estar pessoal, as pessoas saberão gerir bem o resto: os campos, as cidades, as vilas e as aldeias, as culturas, as florestas, etc. Se o país fosse bem governado, as pessoas não precisariam de emigrar e de abandonar as suas casas, as suas terras e os seus campos que depois se tornam pasto fácil para as chamas. Se o país fosse bem governado não seria necessário atrair investimento estrangeiro enquanto os empresários portugueses são obrigados a emigrar e os que ficam sobrevivem sobrecarregados de impostos. Se o país fosse bem governado seria possível aumentar a natalidade, fixar as populações nas suas terras e criar postos de trabalho mais rentáveis
Por outro lado, estamos perante uma mensagem algo “paternalista” que dá conselhos, ralhetes e/ou puxões de orelha ao menino imaturo, que se portou mal e fez asneiras, para que se mostre um homenzinho e peça desculpa, que não “estrague os brinquedos” que custam muito dinheiro ao país (e aos pais), que faça o TPC, que não ande com más companhias, que escolha bem os amigos, para que no futuro possa ter direito a um gelado.

Que presidente da República temos nós que ainda pactua com um menino imaturo que devia ser um adulto sério e competente? Que presidente da República é este que ainda dá uma oportunidade a um governo e a um primeiro ministro que deixou morrer mais de cem pessoas e deixou que todo o país ficasse reduzido a cinza? Que presidente da República temos que nunca se referiu à necessidade de investigar e combater o crime incendiário quando o governo e a ministra da Administração Interna continuaram a falar principalmente em negligência?

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Nova Carta aberta ao senhor Presidente da República - 17-10-17

Exmo. Senhor Presidente da República,
Ainda não encontra razões suficientes para demitir o governo, dissolver a AR e convocar novas eleições que possam alterar este estado de coisas, perante esta enorme desgraça de dezenas de mortos e de centenas de casas, fábricas e outros bens destruídos pelo fogo nestes últimos dias?
Acabo de ouvir a declaração do senhor primeiro ministro sobre esta tragédia onde manifestou uma completa incompetência na apresentação de soluções. Foi uma demonstração de total insensibilidade perante o sofrimento de milhares de portugueses e de falta de respeito por todos os que perderam a vida, uma atitude de prepotência e de total falta de humildade. Limitou-se a repetir o que disse no passado. Não demite a ministra da Administração Interna e não dá garantias de que desgraças como estas não se voltem a repetir. As soluções apresentadas, como a reforma da floresta e o novo modelo de combate a incêndios não resolvem nada. Não é um decreto que vai fazer milagres. É preciso sabedoria, competência e estratégia. Promete acção mas as desgraças sucedem-se imperdoável e irremediavelmente. O senhor Presidente da República ainda não se deu conta de que este primeiro ministro não sabe nada sobre nada:
1. Depois da tragédia de Pedrógão Grande, em vez de responder rápida e eficazmente às vítimas, mandou esperar pelo relatório da Comissão Técnica Independente para saber se era ou não responsável. Três meses depois, perante o relatório, recusa-se a assumir responsabilidades e remete para a resposta do Conselho de ministros do próximo sábado. Se lhe é exigida responsabilidade política sobre isto ou aquilo remete para esta ou aquela reunião que está agendada ou para este ou aquele órgão que irá decidir. Ele não tem capacidade de decisão sobre nada, precisa sempre de ordens exteriores. Não é um chefe, é um moço de recados. Não é um líder, é um autêntico catavento e por isso é que as desgraças se sucedem cada vez com mais gravidade.
2. O que é a responsabilidade política para este primeiro ministro? “É obedecer às recomendações do relatório”. Isto é, é fazer o que devia ter sido feito mas não fez (o reconhecimento da sua própria incompetência). “É ter uma atitude madura”. Pois claro, senhor presidente, temos um primeiro ministro imaturo, amador e incompetente que precisa que lhe digam tudo o que deve fazer como uma criança imatura que não tem a mínima noção de nada, muito menos de responsabilidade. As vítimas continuam na desgraça sem terem culpa nenhuma, à sua sorte, sem que o governo lhe repare o dano. Salve-se quem puder. Este é o sentido de responsabilidade deste primeiro ministro, senhor presidente. É a responsabilidade tipo: bate e foge.
3. Se é interrogado sobre a demissão da ministra responde que a demissão não resolve nada e promete acções e soluções e que é uma infantilidade demiti-la. De facto, que competência pode ter esta ou outra ministra se tem que obedecer a um primeiro ministro completamente irresponsável e incompetente? Que soluções, se repete sempre o mesmo discurso? Onde estão as acções se o país continua todo a arder de norte a sul e de este a oeste?
4. Convém não esquecer que este primeiro ministro assumiu o poder como um oportunista e um aventureiro como se governar fosse organizar uma jantarada ou uma farra com os amigos, prometendo que não ia aumentar os impostos, que ia virar a página da austeridade (distribuindo tachos pelos amigos), mas não parou nem pára de aumentar impostos, sacrificando todos os que criam riqueza e sustentam, parasitariamente, uma classe política inútil e cada vez mais numerosa, injustificadamente. Mentiu com todos os dentes que tem na boca e o senhor Presidente pactua com esta enorme fraude, esta tremenda burla e este abuso de confiança? Como podem os portugueses confiar no senhor Presidente da República?
5. O que vale prender centenas de incendiários se tudo fica na mesma mesmo que sejam apanhados em flagrante? Que leis nos regem que defendem mais o criminoso do que a vítima e as vítimas são todos os portugueses? Que Constituição permite que esta tragédia se arraste irremediavelmente, sem esperança nenhuma de reversão desta trajetória? O que valem leis e decretos sobre a reforma da floresta e mudanças no combate e na prevenção dos incêndios se os criminosos actuam com toda a liberdade e impunidade haja ou não reforma da floresta?
Senhor Presidente da República, já enviei várias cartas a Vossa Excelência mas todas caíram em “saco roto”. Infelizmente os alertas e os receios que tenho referido têm-me dado razão. A trajetória em que nos encontramos, politicamente, só nos levará a maiores desgraças porque, como já referi, temos um regime de farsa democrática dominado pelo oportunismo e pela incompetência.
O senhor presidente tem coragem para visitar as regiões, os espaços, as casas, as fábricas, a total destruição provocada pelos incêndios, para distribuir beijos e abraços? Eu teria vergonha. O que vale a solidariedade e as lamúrias perante a incompetência e a arrogância dos responsáveis políticos que nos desgovernam?
Precisamos de uma Constituição democrática que defenda o cidadão dentro do quadro de valores da nossa cultura, do humanismo, da liberdade, da solidariedade e da paz. Não queremos uma Constituição que pactue com oportunistas sectários e incompetentes que nos levam para a desgraça.
Precisamos de um Presidente corajoso e revolucionário que seja capaz de enfrentar a falsidade, o oportunismo e os interesses instalados que destroem o país. Basta de desgraças.

Apresento a V. Exa. os meus cumprimentos.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Carta aberta ao senhor Presidente da República e ao senhor Primeiro ministro II

Exmo. Senhor Presidente da República,
Exmo. Senhor Primeiro Ministro,
Ainda é preciso que o resto das florestas portuguesas fique reduzido a cinza para que o poder político faça alguma coisa para acabar de vez com esta onda criminosa? Ainda não se tornou evidente para o governo e para o Presidente da República que os incêndios que deflagram nas florestas são de origem criminosa? A senhora ministra da Administração Interna ainda vai continuar a afirmar que a maior parte dos incêndios são fruto da negligência com a concordância do senhor primeiro ministro e do senhor presidente da República? A senhora ministra ainda acredita que os fogos são provocados por alguém que usa o fogareiro para assar as sardinhas, negligentemente, e que depois deixa cair as brasas pelo caminho quando regressa a casa e transporta o fogareiro na motorizada?
O senhor presidente da República e o governo vão continuar sossegados e tranquilos, como se nada fosse, enquanto o país continua a ser pasto das chamas neste mês de Outubro atípico, sem chuva e com cada vez menos humidade, em parte, devido à enorme destruição das manchas verdes pelos incêndios, ao longo de dezenas de anos no Verão?
O senhor Presidente da República e o governo vão continuar impávidos e serenos perante a devastação causada pelo fogo, a destruição dos pulmões do país, o enorme prejuízo na fauna e na flora e a ruína em que ficam muitas famílias portuguesas?
O senhor presidente da República e o governo continuam despreocupados e satisfeitos porque o fogo não se sente em Lisboa e o sol continua a brilhar enquanto, pelo país, muitas casas são devoradas pelo fogo, o céu fica cinzento durante dias consecutivos e o sol perde a sua cor natural logo que nasce e fica amarelo durante vários dias como se augurasse um futuro trágico de morte e de angústia?
O senhor presidente da República e o governo continuam felizes e contentes com a descida do défice e o desemprego enquanto os criminosos, pela calada da noite ou em plena luz do dia, actuam livre e impunemente usando todas as armas que detêm ao seu alcance para destruir o país sem que ninguém mande investigar?
Afinal, parece que o diabo anda mesmo à solta há muitos anos em Portugal e tem espalhado o inferno por todo o país. Muita gente não acredita no diabo mas, pelos vistos, ele sabe disfarçar-se muito bem para que possa actuar livremente e parece ter aliados por todo o lado, inclusive no governo e em toda a classe política, porque ninguém tem coragem para lhe fazer frente e pactua com a destruição que ele faz.

Está na hora de o senhor presidente da República acabar com este regime infernal, falsamente democrático, dominado pela corrupção, pela mentira e pela criminalidade que tem devastado o país e levado à ruína a vida dos portugueses. Está na hora de demitir o governo, dissolver a Assembleia da República, um antro de parasitas e de perversidade e convocar eleições antecipadas para uma revisão profunda da Constituição e para que possamos instaurar uma verdadeira democracia.

domingo, 1 de outubro de 2017

Dia de eleições: o voto manchado com cinza

Depois do Verão infernal dos incêndios, que ânimo e que disposição têm as pessoas que ficaram sem nada, para se deslocarem a uma mesa de voto, votarem e depositarem confiança em quem deixou arder o país e agora lhes promete bem-estar e toda a espécie de benefícios? Que vontade têm as pessoas para votarem quando sentem no seu íntimo uma enorme angústia e sofrimento pela desgraça de que foram vítimas sem que o poder político, central ou local, evitasse esta calamidade, que se tem repetido todos os anos e ninguém no poder assume as suas responsabilidades?
Hoje, as urnas de voto são verdadeiras urnas de morte e os votos são a força e a vida do povo, em sofrimento, que o poder político mata, manipula, despreza e mancha com a mentira, a hipocrisia e o oportunismo descarado.
Hoje, as urnas de voto são caixões dos sonhos dos homens e das mulheres que ficaram sem casa e acordam todos os dias debaixo do pesadelo da cinza, do verde queimado, da horta inerte e sem frutos, desfigurada.
Hoje, as urnas de voto são as caixas negras da traição de quem promete a felicidade, o bem-estar e a solidariedade mas oferece a rapina, a injustiça, e a impunidade.
Que confiança podemos ter nesta classe política que corre o país a fazer promessas mas é incapaz de acabar com os incêndios que todos os anos transformam milhares de hectares de floresta em cinza, ceifam vidas humanas e deixam muitos portugueses na miséria?
Que confiança podemos ter nesta classe política que é incapaz de acabar com o crime político incendiário, uma calamidade anunciada, calendarizada e bem conhecida de quem exerce o poder e continue a discursar e a fazer promessas como se nada fosse?
Que confiança podemos ter no acto eleitoral se temos um primeiro ministro que não ganhou as eleições mas está a governar? Afinal, que importância têm as eleições se temos um governo que tomou de assalto o poder à revelia da vontade soberana do povo expressa pelo voto?
O que valem as promessas eleitorais? O que valem as palavras desta classe política que só aparece nas campanhas eleitorais como raposas que saem da toca à procura das presas para se banquetearem?
Com que direito os governantes do poder central viajam por todo o país em campanhas do poder local? Quem lhes financia as campanhas em duplicado? Onde estavam todos estes “políticos profissionais”, que agora se fazem ouvir, quando o país era um enorme braseiro em chamas? Por que razão ninguém levantou a voz, nessa altura, a clamar por justiça mas não se calam agora a fazer promessas?
Como pode o primeiro ministro abandonar o exercício das suas funções oficiais e vestir a pele de um simples líder partidário em campanhas onde não é candidato?
O que vale uma campanha de promessas ocas, de bajulação e de graxa política se os grandes problemas a nível central são atirados para debaixo do tapete como os lesados dos bancos, as greves e as reivindicações laborais, o défice de milhões da Caixa que os clientes vão pagar com taxas injustas, o assalto a Tancos, a corrupção, etc. que vão condicionar fortemente o exercício do poder local e a concretização dos programas?
Fazer uma campanha eleitoral neste regime de farsa democrática é uma enorme falta de respeito por todos os portugueses que morreram nos incêndios e por todos aqueles que ficaram sem nada perante um poder político que os abandona sem lhes restituir tudo aquilo que perderam, porque a obrigação do Estado é defender pessoas e bens.