terça-feira, 6 de março de 2012

Aborto pós parto?

E esta? “Matar um recém-nascido é um acto moralmente idêntico a praticar um aborto”, nos casos em que o aborto é legal, segundo o artigo de Francesca Minerva, formada em Filosofia pela Universidade de Pisa (Itália) com uma dissertação sobre Bioética no Journal of Medical Ethics. Seria caso para dizermos que “isto nem lembra ao diabo”, mas não é bem assim, é uma questão muito antiga. Se o argumento é porque um recém-nascido não tem consciência de que existe bem poderíamos aplicar a receita a inúmeras situações com toda a propriedade. A começar por certos políticos que não têm consciência de nada, nem do que são, nem do que fazem. São uns autênticos abortos vivos. Grande parte da classe política que nos tem governado há algumas décadas seria completamente eliminada, em cerca de 90%. Que grande limpeza!
A seguir viriam todos os magistrados que não fazem nada, que não fazem andar a justiça, que só parasitam o povo, que destroem o país, que mandam destruir escutas legalmente autorizadas, enfim, que ocupam um cargo só para seu bem pessoal e egoísta. Mais uma grande limpeza!
Este argumento a favor dos abortos pós parto refere ainda que além de falta de consciência do recém nascido, este não tem ainda projectos de vida, sonhos e esperanças para o futuro e por isso, poderia ser eliminado sem problemas. E os deficientes mentais têm alguma consciência, algum projecto, algum sonho? Seria um enorme alívio para todas as pessoas que se sacrificam a tratar deles, todos os dias, além de se poder reduzir enormemente o orçamento e a dívida pública. Mais uma limpeza!
Mas se os deficientes não sabem que existem e não têm projectos, que dizer daqueles que têm maus projectos de vida: os toxicodependentes, cleptomaníacos e os criminosos em geral? Um toxicodependente é um alienado compulsivo, passa cerca de 90% da sua vida sem saber quem é, não tem projectos ou se os tem não tem capacidade de os concretizar, os criminosos em geral roubam, matam e destroem vidas com projectos bem delineados e por isso haverá razões mais que suficientes para os considerar inúteis e prejudiciais, como tal, deveriam ser abortados. Para quê estar a gastar dinheiro com eles em recuperação e em prisões, com vista a uma integração social? Mais uma grande limpeza!
Os velhos, que já perderam a memória, que já não sabem o que estão a fazer no mundo, seriam também eliminados com o aborto pós parto, como um produto que já está fora do prazo de validade. Que alívio não seria para todos os lares de terceira idade, centros de dia e asilos do país? Que grande limpeza!
Não sei se restaria alguém que não tivesse sido já apanhado pelo aborto pós parto. Um mundo sem crianças não teria sentido, nem futuro, por isso, seria preferível aplicar o aborto a toda a gente. Seria uma forma de acabar com o mundo de forma consciente, segundo um projecto, obedecendo a um sonho, talvez, debaixo dos torrões!