O governo pretende agravar o IMI
para os campos abandonados para obrigar os proprietários a cuidá-los e a limpá-los
e assim evitar os incêndios no Verão. Isto é absurdo porque se os campos estão
abandonados, isso deve-se a políticas erradas que têm sido seguidas tanto pelos
sucessivos governos como pela União Europeia que ordenou o abandono da agricultura
para manter os preços. Se tivéssemos políticos competentes, em vez de mandar
abandonar os campos para gerir uma produção controlada e defender certos lobbies,
deveriam saber gerir o excesso quando houvesse, dando resposta a milhares de
pessoas no mundo que morrem de fome todos os dias. Preferem o mais fácil mesmo
que isso implique o desemprego, fome e miséria. Com que direito alguém pode
decretar a proibição de trabalhar na agricultura como se isso fosse crime? Em nome
de quê ou de quem? Se o sol quando nasce é para todos com que direito é
retirada a liberdade de lutar pela vida de forma honesta, pelo trabalho?
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
terça-feira, 13 de setembro de 2016
Código de conduta: a corrupção legalizada e oficializada
É bem verdade que a Filosofia,
principalmente a Filosofia Moral, deveria ser uma disciplina obrigatória para
toda a gente, a começar por quem ocupa cargos de liderança a nível nacional.
Qualquer governante devia ter a
mínima noção de que o cargo que exerce implica um tratamento indiferenciado de
todos os cidadãos. Um governante “não pode ter amigos” porque não governa só
para alguns, aqueles que são os seus amigos, mas para todos. Qualquer
governante tem o seu salário assegurado pelo erário público, além de outras
remunerações extraordinárias, ajudas de custo, etc. e não deve receber nem mais
um cêntimo, porque ao receber qualquer prenda ou dádiva de um amigo, isso
pressupõe uma contrapartida, um favor ou um tratamento de excepção, devido ao
poder e às funções que exerce, o que não deve nem pode acontecer.
Qualquer governante no exercício das
suas funções deve ter acesso garantido aos locais a que as suas funções o exigem
sem que isso seja considerado um privilégio. Seria absurdo que um motorista de
um autocarro fosse obrigado a pagar bilhete para se sentar ao volante ou que
alguém pagasse por ele. Mas se um motorista ou governante quiser viajar, a
título privado e pessoal, para gozar férias ou visitar seja o que for ou quem
for, terá que pagar do seu bolso porque os cofres públicos, por serem públicos,
não podem ser delapidados para pagar actividades puramente pessoais e privadas
e não deve receber prendas ou donativos de empresas públicas ou privadas.
A aprovação de um código
de conduta pelo governo de António Costa revela uma total incompetência
moral e cívica e demonstra que o compromisso de honra de qualquer membro do
governo não tem valor nenhum. A honra dos membros deste governo mede-se por
dinheiro. Vale menos de 150 euros, o valor limite de prendas que um político
pode receber. Já não é novidade para ninguém que a dignidade de certos
políticos se mede por dinheiro ou por
carros topo de gama porque um Clio não lhes dá dignidade. Esta pobreza
moral é transversal à maioria da classe política que não olha a meios para enriquecer
ou satisfazer a sua ganância pelo poder, como acontece quando se troca a função
de primeiro-ministro pela de comissário europeu ou de líder partidário pela
candidatura à presidência de uma grande autarquia, depois de se ter comprometido
com o eleitorado, jurado fidelidade e tomado posse sem ter tido tempo para
aquecer o lugar.
Esta evidente nulidade moral leva a
que qualquer cidadão, minimamente honesto, crie uma percepção negativa de toda
a classe política e veja os partidos como um bando de oportunistas que só
pensam no seu pecúlio, em vez de um conjunto de pessoas sérias que pensam e se
empenham no bem comum.
Qualquer código de conduta é um
código ético-moral que pressupõe princípios que não têm uma validade limitada
de três anos. “Quem vier depois que faça outro código”. Isto não funciona
assim. Os valores éticos não são feitos à medida do freguês. Este código de
conduta é a prova mais evidente de que a corrupção está legalizada e
oficializada pelo governo. Por isso não admira que o primeiro-ministro tenha
afirmado que quem recebeu
convites grátis para ver jogos de futebol do campeonato da Europa, em Julho
último, em França, não
seja demitido, tenha
o seu apoio e esteja a fazer um “excelente
trabalho”. Aprovar a pequena corrupção é um passo para aprovar e tolerar
toda a corrupção porque ninguém pode ter confiança em quem não tem uma
verdadeira consciência moral que permite aceitar uma prenda, por mais pequena
que seja e não aceite também, às escondidas, uma prenda maior. Onde está o
tribunal inquisitorial e fiscalizador que vigia todas as situações de
favorecimento?
Que é feito da bandeira da igualdade
tão apregoada pelo Partido Socialista ao admitir situações de favorecimento
no governo? Só o governo é que tem direito a receber prendas? E os outros não
têm o mesmo direito? Qual o valor da dignidade de todos os outros funcionários
públicos sobre prendas? Que prendas pode receber um professor, um polícia, um
soldado da GNR, um funcionário das finanças, um chefe de repartição, um
director, etc.?
Quem não tiver dinheiro para
oferecer prendas não tem o direito a ser bem servido pelos membros deste governo?
Não havendo honestidade, transparência,
isenção e neutralidade este governo não inspira confiança e não age com independência,
mas exerce um poder submetido a interesses particulares, como as ratazanas no
celeiro. É por isso que um governo assim não vai longe. É sectário e discriminatório. Mas o povo é que vai
sofrer, dura e duplamente, as consequências, primeiro para eliminar a praga de
ratazanas e depois para voltar a encher o celeiro.
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
O fascismo fiscal e tributário
Se alguém tinha dúvidas acerca da
natureza deste governo, elas dissiparam-se completamente. Tornou-se evidente,
salta aos olhos de toda a gente e só não vê quem não quer ver que vivemos num
regime marcadamente fascista. A autoridade
tributária transformou-se numa feroz máquina repressiva que põe o mais
comum dos cidadãos sob uma vigilância apertada só pelo facto de ser, aparentemente,
rico aos olhos do governo. Se já passámos a fase do “abaixo o capitalismo”, agora
que estamos na penúria, na ruína e na miséria, com as
nossas maiores e melhores empresas nas mãos do capitalismo estrangeiro, o que resta a esta espécie de
esquerda oportunista e incompetente é atacar e perseguir aqueles que ainda resistem
a fazer pela vida.
Um governo fascista é aquele que
desconfia, vigia, reprime, persegue e intimida os cidadãos de forma sistemática
e não olha a meios para invadir a sua consciência e violar a sua privacidade,
de forma prepotente e injustificada, só porque detém o poder. É esta a imagem
deste primeiro ministro. Se alguém ainda tem dúvidas reveja o filme: forçou a
saída do anterior líder do partido, considerando-o inapto, mas não fez melhor e
perdeu as legislativas, mesmo assim assumiu o poder contra as leis da verdadeira
democracia. Alguém chama democrata a um primeiro ministro que tomou de assalto
o poder à revelia da vontade soberana do povo?
Prometeu virar a página da
austeridade e aumentar o rendimento das famílias mas, fez precisamente o contrário.
Este primeiro ministro deixou cair a máscara de
pseudo democrata porque agora está completamente à vista a sua natureza
prepotente e ditatorial.
Porque é que não se lembrou de aplicar esta medida, para bisbilhotar as contas bancárias, quando reinava o 44?
Porque é que não se lembrou de aplicar esta medida, para bisbilhotar as contas bancárias, quando reinava o 44?
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
“La rentrée” do circo político-partidário
Neste final de férias, férias só
para quem pode como é o caso da classe política em geral, que tem sempre as
subvenções garantidas, os actores chefes congregam as hostes para alinhavarem
estratégias e perpetuarem o circo e a palhaçada pseudo política durante mais um
ano, pelo menos, enquanto o povo vai sofrendo cada vez mais com impostos, taxas
e cortes de rendimentos e de direitos.
Pensei que uma universidade fosse
uma instituição altamente prestigiada e vocacionada para o ensino superior,
para a investigação e para a especialização, sempre na vanguarda do
conhecimento, que transmite a verdadeira sabedoria acerca do mundo e do homem, isenta,
universal e objectiva. Mas afinal, todos os anos, há uma suposta “universidade”
que abre as portas, apenas durante dois ou três dias para formatar alguns
futuros carrascos do povo, através de meia dúzia de larachas e visões
particulares do mundo e da vida, agregadas a lobbies e poderes legitimadores desta farsa democrática em que
vivemos.
Formar verdadeiros especialistas e
profissionais, competentes em qualquer área de actividade, demora anos ou
décadas. Por isso, desconfio muito da competência de certos operacionais
amadores que aprendem do pé para a mão a honrosa arte de governar, em “universidades
de Verão” ou em acções de suposta “formação de quadros”, durante um fim de semana,
seguindo um verdadeiro programa de “Novas Oportunidades”.
Ninguém se lembra de aproveitar esta
pausa estival para um verdadeiro estágio formador e trocar a areia macia da
praia pelo peso da areia e do cimento de um balde de massa, na construção civil
ou pela dureza do esforço de quem roça o mato e as silvas que todos os anos se
transformam num imenso pasto de chamas. O serralheiro sabe forjar o ferro e
temperar o aço no calor do fogo, mas o verdadeiro líder tem que ser forjado no
confronto directo com a dura realidade da vida e não no conforto mimado do sofá
partidário, embalado pelo discurso fácil de promessas enganadoras.
Neste palco ou passerelle das
vaidades político-partidárias, há quem transforme o velho, frio e disciplinado
politburo num escaldante arraial de diversão diurna e nocturna, numa festa da
música e de sedução, junto à praia, no meio da abundância de bifes, bifanas e
bebidas refrescantes que fariam inveja aos pobres proletários do séc. XIX. É um
enorme arraial, na quinta privada da família, no verdadeiro estilo da próspera
propriedade latifundiária e capitalista, animado ao som dos clássicos da ideologia
materialista, das modas clubísticas e da repetida cassete discursiva, que quase
esqueceu, já, o rigor da luta pelo controlo operário, pelas nacionalizações,
pela unicidade sindical, contra o patronato reaccionário e explorador e pela
defesa dos alegados direitos dos trabalhadores porque ao longo destes quarenta
anos de arraial pseudo-revolucionário e de perseguição e destruição de todo o
patronato, considerado fascista, aquele patronato que criava riqueza e dava
emprego, o país está agora a saldo, nas mãos do capital estrangeiro, controlado
pelos lobbies latifundiários da
finança europeia e mundial (virou-se o feitiço contra o feiticeiro) e os portugueses
estão reduzidos à indigência e condenados à emigração, ao “salve-se quem puder”,
ao desemprego e à submissão e exploração de políticos ilegítimos, irresponsáveis
e incompetentes. Com o país em ruínas, sem operários e sem proletários (porque
já não há prole), a velha cassete, os imperativos pseudo-revolucionários e as
palavras de ordem já se tornaram completamente obsoletas e deslocadas.
Enquanto decorre esta palhaçada, o país é devorado
pelas chamas que consomem a riqueza florestal e ambiental do país, arruínam
vidas e propriedades e ninguém tem uma palavra sobre a forma de acabar com esta
calamidade nacional. Em vez disso, o palco partidário transforma-se em ringue
de lutas entre galos pelo poleiro e de acusações sobre o passado e ameaças para
o futuro.
sábado, 3 de setembro de 2016
A maquilhagem política
Notícias recentes deram conta de que
a economia cresceu ligeiramente no primeiro semestre de 2016, mas menos do que
o esperado, que o desemprego diminuiu e que o défice não aumentou e se manterá
abaixo dos 3%. O actual primeiro ministro reforça esta crença e mostra-se muito
optimista.
Para mim, tudo isto é uma grande
aldrabice, uma ilusão que vai sair cara aos portugueses. A indústria portuguesa
está sufocada por impostos, grande parte das empresas fechou as portas e o
poder de compra dos portugueses é cada vez menor. Quanto ao emprego, grande
parte da juventude emigrou, muitos empregos não passam de estágios não
remunerados, onde mal ganham para as despesas ou em que os formandos têm que
repor o que ganham, isto é, são empregos “faz de conta”. Muitos empregos são
precários, por serem contratos a termo certo ou porque são oportunidades que
surgem, apenas, na época balnear.
A sensação geral é de estagnação e
de ineficácia. Algumas notícias dão conta de que há hospitais e outros serviços
públicos com enormes dívidas a fornecedores. Há descontentamento, greves e
protestos em vários sectores de actividade. Os combustíveis sobem quase todas
as semanas e os impostos também sofreram aumentos tal como o IMI que vai
abranger quem estava isento e passamos a pagar imposto pela exposição solar.
O governo porta-se como um inquilino
que gasta o que tem na despensa, não paga a renda nem as contas da água, da luz
e do gás, come e dorme sem problemas e diz que está tudo bem. O pior vai ser
quando a despensa ficar sem nada e tiver que pagar as contas.
Não temos um primeiro ministro a
governar. Temos um especialista do disfarce que pretende enganar o povo até que
a maquilhagem se aguente. Depois desta macacada quem é que lhe vai apertar os
colarinhos a pedir responsabilidade? Ninguém. O mais certo é ir para casa cantando
e rindo a receber uma subvenção vitalícia e, um dia, ser condecorado pelos excelentes
serviços prestados à República.
Subscrever:
Mensagens (Atom)