segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Greve dos maquinistas

A lógica da perversidade
Não entendo e penso que ninguém poderá explicar a lógica dos horários deste grevistas criminosos e inimigos do povo. Ao começar a greve à meia-noite, todos os comboios que começam o percurso antes dessa hora e o terminam depois, são suprimidos porque entram e terminam já dentro do tempo de plena greve. Na mesma ordem de ideias, ao terminarem a greve, todos os comboios que iniciam antes da meia-noite e continuam depois dessa hora, já depois do período de greve, deveria funcionar em pleno, entrando ao serviço antes do período de greve terminar.
Mas não é isso que se verifica. Vemos que os efeitos da greve se prolongam significativamente, prejudicando sempre os mesmos. Que lógica é esta? Que justiça? Que sentido de responsabilidade? Que serviço público?
Não há quem ponha fim a este abuso de poder?

sábado, 24 de dezembro de 2011

Greve ao Natal?

Terrorismo sindical?
Enquanto a tradição manda que se dêem as boas festas, se deseje um Bom Natal e um Feliz Ano Novo, os maquinistas da Companhia de Caminhos de Ferro portugueses decretaram uma greve ao Natal. Dá a impressão de que o que desejam a todos os passageiros e a todos os portugueses é que tenham um mau Natal e um Novo Ano de 2012 cheio de desgraças. Nesta quadra em que devia imperar a solidariedade e a fraternidade manda o egoísmo e a prepotência. Não sei exactamente qual é o problema laboral que está em causa, mas parece ser antes um de ordem disciplinar. Sabemos que a indisciplina é antes de mais uma atitude de intolerância e de falta de civismo que põe em causa a ordem pública e a harmonia social. Numa sociedade democrática e num Estado de Direito ninguém está acima da lei, as leis devem ser respeitadas e cumpridas e não me parece que a greve seja a solução mais adequada para estas situações. Quem são as pessoas mais prejudicadas com esta greve? São os ricos que se deslocam em automóveis luxuosos ou são os pobres, mais pobres do que os próprios maquinistas que não têm outro meio de transporte? Num tempo de crise, de carência e de fome faz sentido uma greve desta natureza? Que sentido de solidariedade prestam os maquinistas com o seu serviço público? Não parece mais um serviço privado e egoísta? Também há dois mil anos não deixou de haver Natal apesar das adversidades e hoje, apesar deste terrorismo sindical, haverá Natal porque a vida tem sempre prioridade. Uma greve ao Natal é a pior das prendas que um ser humano pode esperar. Se um sindicato dos maquinistas decreta greve à esperança e à vida nova que desponta no Natal eu gostaria de ver o que faria quando a morte se anunciar.
Viva o Natal! Viva a esperança de um futuro melhor que nunca se alcança com greve ao Natal.
A todos os portugueses eu desejo um Bom Natal e um Próspero Ano Novo de 2012.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Greve Geral ou golpe de Estado?

Que democracia é esta? Que país é este? Que políticos, que sindicalistas? Quem é que votou maioritariamente este governo? Porque é que estamos na miséria? Quem são os exploradores do povo?
Andam a brincar à política? Ainda há meia dúzia de dias uma esmagadora maioria votou neste governo e agora quem é que o quer atacar? Uma minoria? Esta greve geral não cheira a golpe de Estado? Onde está a força do povo, na rua ou nas instituições democráticas? Que espécie de democratas temos nós? Porque é que estes senhores que decretam greves não o fizeram quando todos os políticos anteriores, principalmente os da última década, prometeram mundos e fundos, enganaram, mentiram e permitiram toda a espécie de atrocidades, aqueles que muita gente gostaria de ver agora no banco dos réus? Os fervorosos defensores dos trabalhadores que sempre estão ao lado do povo, não viram o logro em que nos iam meter? Porque é que nessa altura não disseram nada?
Estamos a empobrecer? Alguma vez fomos ricos? Vejam o percurso desde D. Afonso Henriques, D. Dinis, D. João I, D. Sebastião, os Filipes, o ultimato inglês, a primeira e a segunda Repúblicas e agora a terceira.
Esta greve não é uma espécie de batalha de Alcácer Quibir? Vale a pena fazer greve contra os mercados? Quem é o Big Boss explorador, de barriga grande e de charuto a quem devemos o pão que todos os dias levamos à boca? Quem é que pode identificar os investidores anónimos que nos hipotecaram a vida? Se a guerra é entre a oferta e a procura qual é a solução para dar cabo dos mercados? Se não há políticos nem política, mas só mercado, é com paralisações que se aumenta a riqueza? Se somos uma equipa que joga no campeonato do mundo da economia, uma greve geral não significa meter golos na própria baliza quando o resultado está em 7-0?
Estamos na bancarrota? Quem é que nos empurrou para lá?
Quem pensou que o tempo das vacas gordas nunca iria acabar? Que ingénuos nos governaram? Desde o MFA até agora? Porque é que os tão dedicados sindicalistas deste país, esses dinossauros das lutas de classes, não criam empresas, “modelo de virtudes”, para mostrar como é que se trabalha, se paga bons ordenados a tempo e horas, respeitando todos os direitos laborais?
O que adianta fazer mais greves se ao fim de anos e anos de luta, cada vez estamos pior: sem emprego, sem futuro, sem pão, sem dinheiro, sem nada?
Que ingénuos temos na economia europeia que criaram uma comunidade, mas vive cada um no seu cubículo? Que igualdade temos nesta comunidade quando os ordenados mínimos de cada país têm diferenças abissais e a classe política privilégios e mordomias injustificáveis?
Lá diz o povo: na casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão, (ou todos têm razão, o que vai dar ao mesmo). É preciso uma nova ordem nacional, europeia e mundial.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Odisseia na crise lusa

Salve-se quem puder!
O barco entrou em rota de naufrágio. O comandante, em serviço há cerca de meia dúzia de anos, desertou, há alguns meses, para não ser confrontado com a grave situação em que deixou o navio, devido à sua total inépcia na arte de marear. Com grande ingenuidade, prometeu navegar sempre de vento em popa, em velocidade de cruzeiro, rumo ao “Eldorado”, como se os ventos fossem sempre favoráveis e navegasse num “mar de rosas”, ao estilo de “The Love Boat”. A turba, inebriada e feliz, aplaudia estas miragens de sonho e de volúpia desde sempre desejadas, mas agora oficializadas em referendo popular. O convés fervilhava de emoções ao luar como se a existência se transformasse, por magia, num paraíso terreal, de fantasia.
Alguns ex-capitães e oficiais da oposição, alertando para perigos futuros, deram insistentes avisos à navegação. Era preciso ter muito cuidado com a mareação tranquila mas muito perigosa, com uma possível cambadela inesperada, provocada pela mudança repentina dos ventos. Era preciso corrigir a rota, mudar de rumo, amainar a velocidade, verificar a sala das máquinas (os remadores), avaliar os recursos, os mantimentos e evitar a pirataria, os motins e as sublevações populares. Lançaram, ainda, críticas às constantes guinadas no leme, à enorme incapacidade em o segurar e à teimosia em prosseguir de vela folgada. O timoneiro ignorou os avisos e os perigos, mentiu e enganou os subalternos. Refugiou-se cada vez mais no seu castelo de popa num autismo demente. Surgiram ventos contrários de vários quadrantes. Ondas alterosas sacudiam a frágil e velha embarcação de mais de oitocentos anos de História, a pirataria rondava o navio, apercebendo-se da defesa enfraquecida e mal preparada porque mais habituada ao conforto da alcova e dos camarotes. O mar encheu-se de tubarões, os recursos começaram faltar, mas o capitão teimava em apresentar obras megalómanas e continuar a navegar ao largo como se a crise fosse uma miragem longínqua.
O descontentamento alastrou pelos conveses onde a turba se sentia traída pelo comandante que lhes exigia cada vez mais impostos (em doses ou PEC I, II, etc.) para suportar os enormes encargos com a sua vida faustosa e luxuosa, dos seus imediatos e oficiais. Sucediam-se insolvências, falências e despedimentos. O índice do desemprego e o custo de vida ameaçavam suplantar a altura dos mastros. A criminalidade alastrava como a peste e a Justiça virava as costas aos grandes casos e escândalos que minavam o poder.
Finalmente uma enorme bordada de artilharia eleitoral destronou o capitão do seu posto. O leme ficou vago e outro comandante se prontificou a conduzir o navio a bom porto.
O novato e ainda inexperiente capitão, que tinha prometido não sacrificar mais os passageiros com taxas, penhoras e outros tributos, mal conhecia o estado das contas públicas de toda a barca, a resistência do casco, a conservação dos conveses, as reservas de mantimentos, as epidemias a bordo e a força e os ânimos da população.
Rapidamente se apercebeu da enorme rataria que infestava toda a embarcação, que consumia a produção, que debilitava as finanças e corrompia toda a estrutura social enquanto grandes abutres de rating lançavam palpites premonitórios à espera da derrocada. Calotes e dívidas monstruosas, golpes vários e outros atentados ao estado e à harmonia social corroeram toda a estrutura do navio, deixando-o com enormes buracos, à mercê das ondas especulativas e de fortíssimos ventos contrários.
O naufrágio estaria iminente caso não fossem tomadas medidas urgentes para conter a corrosão acelerada, provocada pelo desvio colossal. Para evitar o abismo, o leme e a bandeira foram parcialmente cedidos a capitães estrangeiros, mais poderosos, que impuseram regras de mareação em bolina cerrada, com as velas totalmente caçadas, ficando a soberania, claramente, enfraquecida.
O capitão rodeou-se de novos cartógrafos, marinheiros e de outros especialistas na ciência náutica e prometeu reconstruir o navio, traçar novas rotas, acalmar os ânimos e limpar as nódoas da injustiça, da corrupção e da revolta. Prometeu, ainda, mão firme no leme, apesar de muitos escolhos, do mar encapelado e do horizonte sombrio que mal deixava ver o sol, as estrelas ou um simples farol.
Face à dura realidade, o comandante impôs um orçamento atroz, violento e brutal. Toda a turba se sentiu como se fosse condenada às galés e a trabalhos forçados que mais pareciam os suplícios da escravatura. Surgiu um coro de vozes de protesto contra tão forte austeridade, exigindo que os velhos privilegiados dos camarotes de luxo e dos conveses superiores, os responsáveis pelo descalabro, descessem aos porões do sacrifício. Gritou-se por justiça! A austeridade deve ser para todos! Quem nunca repartiu as benesses deve, com muito mais razão, repartir a penúria e as privações – gritaram os arautos do povo – prometendo duras lutas e fortes contestações aos cortes de salários, à eliminação de subsídios e de outras remunerações a toda a classe de marujos do serviço público de toda a barca.
Concluído o diagnóstico verificou-se a terrível situação do navio: os cofres vazios, o tesouro hipotecado e as reservas esgotadas. O capitão insistiu que não haveria margem de manobra. Abandonado o mar alto da prosperidade era forçoso não perder de vista a terra firme e evitar os baixios e as rochas, perigos fatais, que ameaçam encalhar e despedaçar o navio. A população residente sente-se em apuros, receosa, sem mantimentos ameaçando definhar à fome e à sede. Pedir socorro torna-se uma tarefa vã. Muitos outros navios, no mesmo oceano, sofrem as mesmas dificuldades. Apesar de tudo, algumas pessoas tentam abandonar o navio, à procura de um lugar mais tranquilo, de ondas menos agitadas, emigrando para longe, deixando parte da família com a promessa de um futuro melhor. Sentem que o manto protector do providente Estado Social, tão apregoado pelo anterior comandante, está totalmente rasgado em pequenas tiras, frágeis, por não resistir aos fortes ventos da recessão. Mas alguns ex-comandantes vivem em praias paradisíacas e em paraísos fiscais porque se apoderaram dos cofres e dos tesouros amealhados, com enorme esforço, dos mais fracos.
Instala-se um forte sentimento de injustiça e de angústia, aumenta mais e mais o sofrimento e o temor pelo dia de amanhã. Tudo parece estar à deriva, em desordem e em abandono total. A verdade é dura e cruel. A segurança está comprometida. Ninguém garante a salvação em caso de naufrágio. Teme-se que os capitães titulares se transformem em perigosos corsários, piratas ou mercenários ao serviço de uma qualquer máfia poderosa. Além dos cortes de salários e de subsídios, fecham-se muitos serviços públicos, centros de saúde, escolas e hospitais. Os que permanecem abertos revelam muitas falhas e restrições e o atendimento é precário. Os crimes violentos, os roubos, os assaltos e outros atentados multiplicam-se diariamente, dando a sensação de maior insegurança e inquietação. Nada está garantido: nem os direitos adquiridos nem os bens acumulados com o trabalho de toda uma vida.
Não há bóias de salvação, lanchas ou barcos salva vidas para todos que esperam, a qualquer momento, o terrível aviso do comandante: SALVE-SE QUEM PUDER!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A ditadura da dívida

Eleições na Madeira
Parece mais que evidente que, se as leis fossem cumpridas (todos somos iguais perante a lei), o Sr. Alberto João já devia estar preso há muito tempo. Toda a gente já terá concluído que estas maiorias absolutas conquistadas ao longo de tantas eleições consolidaram a prepotência e o abuso de poder que são a causa e a consequência da intolerância e do autoritarismo em que se tornou o regime que governa a chamada “pérola do atlântico”.
Pelas notícias que recebemos, a ideia que formamos acerca deste regime é de uma espécie de democracia, um simulacro de Estado de Direito, alheio a todo o tipo de regras, de princípios e de leis, incluindo a lei fundamental de um Estado de Direito. Se se faz obra sem haver dinheiro só para agradar ao povo e fazer inaugurações em tempo de campanha, ou marinas para ficarem vazias e destruídas pelo mar, piscinas sem utentes onde se gastaram milhões de euros, onde está a sociedade solidária de que fala a Constituição no artigo primeiro? Se a Madeira já é uma pérola porque é que ainda temos que dar o ouro ao “bandido”? Os dedos sem anéis da maioria dos portugueses acusam esta enorme injustiça, esta ditadura da dívida de quem vive no luxo e na ostentação, irresponsavelmente.
A ditadura da dívida sobrepôs-se à alegada defesa dos direitos do povo madeirense. Esta ditadura é uma nova forma de fascismo que arruína a totalidade do Estado. Quem é que pode justificar um tratamento desigual mas superior na defesa da igualdade democrática? Que privilégios têm os madeirenses a mais do que qualquer cidadão deste país?
Não podemos tolerar a prepotência e o abuso do poder qualquer que ele seja e muito menos quando são exercidos sob a capa da legalidade e da democracia.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Terminou a maldição!

Que alívio! O acontecimento mais importante do sistema solar, nesta pequena parte do Multiverso em que vivemos, neste 5 de Junho de 2011, dia mundial do ambiente, foi a derrota do PS, principalmente do seu chefe. A maldição terminou. A política destrutiva tinha atingido os limites. Não era possível continuar a viver neste suplício. Os efeitos destrutivos desta política, dita socialista, ainda não se fizeram sentir verdadeiramente. Teremos dias difíceis, a curto prazo e a culpa está bem identificada. Esperamos e desejamos que esta política perniciosa seja erradicada da face da terra nas próximas gerações. Portugal está feito em cacos tal como as empresas, as famílias, as instituições e a sociedade em geral. A tarefa do futuro é recolher os destroços do naufrágio, cuidar dos sobreviventes e começar tudo de novo.
Não sabemos que competência terão os novos timoneiros deste país, mas uma coisa é certa: as nuvens carregadas de maldição que pairavam sobre o povo, o país e o futuro deram lugar a um sol de esperança. Até hoje o ambiente político em que vivíamos era como ter o diabo a mandar no paraíso. O inferno invadiu a praia, ensopou-nos as toalhas e encobriu o sol. O mais simples prazer da vida tinha-se transformado numa enorme angústia. Se os ambientalistas apelam à preservação do ambiente, ao respeito pela natureza, a não poluir os rios, os solos e o ar, a diminuir os negros fumos irrespiráveis da indústria e de toda a actividade humana, com muito mais razão era forçoso que acabássemos com toda esta poluição da mentira, da manipulação e da fraude.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O cúmulo da vergonha!

Sinto uma enorme vergonha, um grande nojo e forte repulsa pela nulidade de carácter, total incompetência e baixeza moral deste cidadão que tem ocupado o lugar de primeiro ministro do país em que vivemos e que se recandidatou novamente depois de ter garantido que nunca governaria com o FMI e que o país não precisava de ajuda externa. Tem ocupado o lugar, mas desde que lá está só se tem governado a si próprio e aos seus correlegionários, destruindo o país, a sua economia, o seu futuro e a vida das gerações futuras. Se a velha expressão popular afirma que “os políticos são todos uns aldrabões e uns vigaristas”, esta parece assentar que nem uma luva a este sósia de vilão sem escrúpulos que se apresenta como o salvador da pátria, o sábio, o bonzinho, o protector dos pobres e dos desgraçados mas que, com a sua atroz incompetência, não faz senão o contrário: destruir, aniquilar e arruinar. Depois apresenta-se como uma vítima inocente, de quem estava a fazer tudo o que sabe para o bem do país e a dar o seu melhor, acusando “aqueles grandes malandros”, aquela “oposição irresponsável”, aqueles “radicalistas ideológicos” de não o deixaram governar: “Cuidado! Eles querem apoderar-se do poder para destruir a escola pública, o serviço nacional de saúde e mudam de programa de cada vez que muda o vento!” Quem é que pode fazer tudo o que sabe se não sabe fazer nada? Que é que pode criticar os programas dos outros se o seu é uma pura falácia e uma simples promessa de campanha eleitoral?
Estamos perante os limites da loucura de quem não sabe o que diz nem nunca esteve à altura das funções que desempenhou. Parece perdido e desesperado com medo que lhe descubram o crime e a falsidade em que sempre viveu. A credibilidade é nula. Tanto faz afirmar como negar, prometer ou desejar, indicar caminhos ou dizer seja o que for: nada é credível, nada pode ser levado a sério. Parece uma marioneta ao serviço de poderes estranhos, ocultos e prejudiciais cuja arte não é senão enganar, manipular e trair. Os seus sequazes parecem hipnotizados por um poder estranho que ninguém compreende e que nos leva a questionar o seu grau de idoneidade, de inteligência e de bom senso. Ninguém reage? O país enlouqueceu? Estamos todos doidos?
A fraude e a mentira são totalmente visíveis e descaradas. Brilham em plena luz do sol em todos os gestos e acções. Basta ver os cartazes que dizem: “Defender Portugal” e “construir o futuro”. A gestão danosa que nos colocou na bancarrota é a prova mais inequívoca de que estes slogans são uma enorme trapaça. O que este governo tem feito até hoje não foi senão “Atacar Portugal” e “destruir o futuro”. Qual o futuro das crianças, dos jovens e dos desempregados num país de fome e de miséria? Qual o futuro de um país em que quarenta por cento das crianças vive na pobreza? Qual o futuro de um país em que a mortalidade supera a natalidade? Qual o futuro de uma país em que o desemprego não pára de subir de dia para dia?
A fraude e a mentira são completamente evidentes em mostrar apenas as aparências, em não aceitar críticas com o simples argumento de “não gostar”, como se uma crítica tivesse de ser um elogio. As atitudes: “não admito lições de moral” ou “os manifestantes não sabem o que é a democracia” só revelam uma enorme arrogância e um conceito muito limitado de democracia e de tolerância.
Portugal vive um momento de enorme vergonha devido à incompetência dos socialistas e, principalmente, do seu chefe. Atingimos o mais baixo nível de sempre, a nível político, social e económico. Os dirigentes desta ideologia política são a maior vergonha nacional de sempre. É tão grande a incompetência, a mentira e a falsidade, que ultrapassa toda a decência, da justiça e da legalidade.

domingo, 10 de abril de 2011

PS: 38 anos a ofender Portugal?

Depois do episódio do “Espelho meu, espelho meu…”, cenas ridículas e elucidativas que mostram bem a vaidade pessoal e doentia do primeiro-ministro e a relevância que põe na aparência em desfavor da competência, o que se poderia esperar de um congresso onde, supostamente se deveria falar para dentro do partido e discutir alguma ideia de jeito para resolver os problemas do país?
Esta enorme acção de propaganda, a que chamam congresso, do chamado partido socialista, com ares de Acção Nacional Popular de outros tempos, mais parece um festival da calúnia, da mentira e dos ataques gratuitos à oposição. Mas, ironicamente, todas as críticas à oposição assentam que nem uma luva a quem as faz.
Só eles falam verdade, mas todos os dias se ouvem vozes que chamam mentiroso ao primeiro-ministro. Se o grande chefe, o chefão todo-poderoso, é apelidado de mentiroso e todos os correligionários lhe fazem juramento de fidelidade, o que parece este congresso senão uma reunião magna da “Cosa nostra” cujo lema é defender o clã?
Qual ninho de víboras esfomeadas, procuram, irrequietas, uma presa ao seu alcance para lhe cravar o veneno. Chegam de todos os cantos do país para repetirem o mesmo discurso inquinado e maldizente, tendo por detrás um cenário estranho e mentiroso onde se lê: “PS: 38 anos a defender Portugal” quando a inscrição mais adequada aos discursos parece ser: “PS: 38 anos a ofender Portugal”, não só a ofender mas a explorar, a escravizar e a enganar o povo.
Chamam a esta feira de vaidades e de impropérios um congresso de um partido político? De um partido que está há quase duas décadas no poder? Um partido que se diz socialista? Não parece mais um clube da mentira onde, em despique, cada sócio se esforça por apresentar a maior mentira, a maior calúnia, a mais sonante e que arrebate o maior número de aplausos? Pensam que todas as mentiras somadas se transformam em verdade?
Dizem-se de esquerda? Eles sabem lá o que é isso? Ser de esquerda é fazer grandes campanhas de propaganda, mentir e enganar o povo para se agarrarem ao poder e depois não fazerem mais do que explorá-lo até aos ossos? Ser de esquerda é prometer progressismo, apoio “às famílias e às empresas” para depois fazerem precisamente o contrário e acusarem os outros? Ser de esquerda é prometer mais educação e ensino e depois fechar cada vez mais escolas, cortar em tudo o que apoio educativo, piorar planos curriculares dos alunos, aumentar a carga curricular dos professores, cortar nos salários, para depois atirar as culpas para cima dos outros? Ser de esquerda é prometer o “estado social” para depois cortar em abonos, nas pensões dos mais pobres e dos reformados enquanto os “boys” “comem à grande”, com vencimentos milionários e ocupam os melhores “tachos” sem fazerem nada para o bem do país? Dizem-se socialistas e de esquerda? Não parecem mais um bando de malfeitores que à custa da fraude e da mentira se apoderam do poder para se banquetearem?
Quem é que pode entender e aceitar este absurdo de um governo que está no poder há mais de seis anos e agora não faz mais do que acusar a oposição de pôr o país na miséria? Isto é uma grave ofensa à dignidade e à honra de todos os cidadãos deste país que não poderão ficar impávidos e serenos com tamanha desfaçatez, falta de senso e de respeito. Isto é inadmissível!
Não podemos permitir que esta situação se mantenha. O povo terá que abrir os olhos. Porquê toda esta mentira e esta calúnia? Porquê este “ódio” à oposição e ao FMI? Simplesmente, porque este primeiro-ministro está agarrado ao poder e quer continuar a apertar o cinto aos portugueses mantendo todas as mordomias para si e seus “acólitos”. O que vai na cabeça dele é apenas isto: “para impor sacrifícios ao povo, estou cá eu, não é preciso o FMI”. Descaradamente o que toda a máquina socialista pretende dizer ao povo é: “a oposição chamou o FMI, mas para chupar o povo até aos ossos estamos cá nós, o PS”, ou “o PS tem a solução para a crise: basta pôr o povo a passar cada vez mais fome”.
Se o FMI vier acabou-se a festa para toda esta classe de parasitas. Esperemos bem que assim seja.
Isto não foi congresso nenhum. Foi uma reunião inútil e prejudicial ao país. A “pesada herança” de ruína e de miséria deste governo supera em muito qualquer outra que tenha, eventualmente, existido no passado. Mesmo que o povo os obrigasse a viver a pão e água, ainda seria demasiada benevolência face aos males que nos têm infligido ao longo destes últimos anos. O povo exige uma Revolução, a sério.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Última hora: José Sócrates em Tribunal

“Face Oculta”, “Freeport”…
Face aos novos desenvolvimentos do caso “Face Oculta” o procurador responsável pelo processo afirmou que José Sócrates poderá ser chamado a Tribunal, acusado do crime de atentado contra o Estado de Direito, na sequência das escutas em que foi interceptado em conversas com várias pessoas ligadas aos negócios do sucateiro de Ovar, da Taguspark, com responsáveis de topo de uma empresa de telecomunicações e com o vice-presidente de um banco. A ordem de destruição das escutas não foi cumprida por ter por base uma decisão meramente política e não jurídica, já que a sua destruição poria em causa o desenrolar de todos os outros processos e o seu esclarecimento total, disse.
Este profissional dos meios judiciais acentuou que a Justiça tem vindo a ser descredibilizada, há vários anos, aos olhos dos portugueses, criando a ideia de que age na base de um claro favorecimento da classe política, nomeadamente, de quem exerce as funções de primeiro-ministro. Ora, sublinhou o procurador, ninguém está acima da lei e vivemos num Estado de Direito Democrático que pugna pela igualdade, liberdade e responsabilidade. Não é pelo facto de termos um primeiro-ministro demissionário que o processo avança, agora, mais célere e isso não significa também que o exercício de cargos políticos funcione como imunidade ou obstáculo à acção da Justiça e, ainda, que esta não pode ter dois pesos e duas medidas tratando de forma desigual governantes e governados. Sendo Portugal um país que faz parte da Comunidade Europeia, não faz sentido que os políticos de primeira linha não sejam chamados à Justiça quando, alegadamente, cometem crimes como acontece em França ou em Itália, por exemplo.
Por outro lado os procuradores que investigam o caso Freeport afirmaram que vão levar o processo até ao fim, doa a quem doer, de forma clara e transparente, dando a conhecer o destino dos largos milhares ou milhões de euros que, alegadamente, terão sido pagos para que a obra fosse autorizada naquele espaço, junto ao rio Tejo, imediatamente antes das eleições e com a aprovação dos limites da ZPE de forma, estranhamente, apressada. Os mesmos responsáveis estão agora na disposição de apresentar as tais vinte e sete perguntas a José Sócrates para que tudo seja esclarecido cabalmente. Não o tendo afirmado explicitamente, deram a entender que o caso poderá trazer grandes surpresas por estarem envolvidas outras grandes figuras da política que têm travado o processo.
Abordado sobre estas notícias que poderão trazer muitos dissabores ao ainda primeiro-ministro, José Sócrates limitou-se a dizer que já está habituado a que certos órgãos de comunicação social aproveitem a época de eleições para mais uma “ caça ao homem” e desencadearem mais uma campanha negra contra a sua pessoa cheia de ódios e de todo o tipo de ataques e perseguições pessoais, mas que isso não perturba a serenidade e determinação que sempre teve.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Golfe dos pobrezinhos

IVA a 6%
Não haja dúvida nenhuma de que esta medida de reduzir o IVA de 23 para 6% é justíssima. Quem frequenta os campos de golfe deste "jardim à beira mar plantado" são os trabalhadores que auferem o salário mínimo nacional, os reformados portugueses a quem foram congeladas as pensões de miséria, toda a "Geração à rasca" que trabalha a recibos verdes, etc., etc.
Por outro lado, quem nem sequer tem dinheiro para comer, nem irá precisar de comprar garrafas de gás quase ao dobro do preço de Espanha e com o IVA a 23% vendidas por uma empresa portuguesa que obtém, todos os anos, milhões de euros de lucro e onde os administradores auferem escandalosos  e milionários vencimentos. Chama-se a isto Justiça Social, um verdadeiro Estado Social.

Carta aberta ao senhor primeiro ministro

Senhor primeiro-ministro,
Dizia o nosso maior poeta que “um fraco rei faz a fraca a forte gente”. Tinha e tem toda a razão. Esta tão badalada crise que o senhor ignorou, negou e desvalorizou inúmeras vezes é o reflexo de opções políticas erradas, de facilitismo e de incompetência. Na minha opinião, V. Exa. é o maior responsável pela situação difícil em que nos encontramos e não vale a pena atirar as culpas para cima dos outros. A dívida soberana é o resultado de uma incompetência soberana.
Têm-nos chegado por estes dias imagens dramáticas do tsunami que devastou algumas zonas costeiras do Japão. O seu governo é um enorme terramoto, desde que entrou em funções, cujo tsunami tem destruído o país, talvez de forma imperceptível para alguns, mas que salta, agora, à vista de todos e se prolongará por muito mais tempo do que o que nos chega em imagens televisivas com a agravante de não ficar apenas pela periferia mas se entranhar por todo o lado devastando não só as vidas presentes mas também a dos que estão para nascer. A necessidade compulsiva de pedir dinheiro emprestado, quase diariamente, que eufemísticamente, lhe chamam agora “vender dívida”, é o diagnóstico mais grave do país quase em estado de coma, ligado às “máquinas” e aos “tubos de soro” dos mercados e dos países que vão injectando (emprestando) dinheiro para evitar a declaração de óbito. Economicamente perdemos a independência nacional, não existimos como nação. Fomos vendidos.
Com que cara nos vem pedir sacrifícios e austeridade quando ainda há tão pouco tempo prometia com toda a convicção, nas legislativas de 2009, no meio de risos e aplausos em ambiente festivo, “PS – Avançar Portugal”, “PS – Força e confiança”, “PS Determinação – Avançar Portugal” Já se esqueceu de todas estas promessas: Progressismo? Felicidade? Bem-estar? Benefícios, apoios, abonos? Estado social? Onde estão todas essas benesses?
Basta! O senhor primeiro-ministro não tem condições para continuar. Demita-se! Obviamente! O povo tem o direito e o dever de exigir todas as responsabilidades a V. Exa. Não fuja às responsabilidades e não fuja do país. O povo exige também que sejam esclarecidos todos os “casos” a que o seu nome está ligado: “Freeport”; “Face Oculta”, etc. Se todos os operadores da Justiça são competentes e cumprem legalmente as suas funções, houve quem tivesse lançado alertas de que V. Exa. poderia ter praticado actos de corrupção no caso “Freeport” e “um atentado contra o Estado de Direito” no caso “Face Oculta”. Se se confirmar que V. Exa. praticou corrupção como é que um primeiro-ministro, nesta situação, poderá ter capacidade de tirar o país desta enorme crise, honestamente? Não será esta enorme crise um enorme prolongamento das ilegalidades que terão vindo já desde o início? Poderá um determinado cidadão ser, alegadamente, corrupto do ponto de vista pessoal e irrepreensivelmente honesto como primeiro-ministro?
Assistimos, neste últimos anos, a uma autêntica gestão danosa e criminosa dos destinos deste país. O povo exige responsabilidades. As sucessivas medidas de austeridade são um roubo institucionalizado ao povo trabalhador e uma asfixia do país cada vez mais fraco. Estes sucessivos PECs mais parecem uma autêntica vigarice oficializada, um grave atentado contra a Justiça Social em Pacotes de Endividamento Contínuo, num País em Estado de Coma. Só a máquina partidária do PS que está instalada em todo o aparelho de Estado não sente a crise, não sofre sacrifícios e não sente a destruição do país, negando os discursos da desgraça e do país à rasca. Parece que as benesses foram só para alguns.
Enquanto o senhor primeiro-ministro não se demite ou ninguém o faz por si, não faça nada, não saia de casa e fique quietinho porque cada passo que dá é mais um passo para o empobrecimento do país já que só em Outubro de 2010, segundo a revista “Sábado”, as despesas do seu Gabinete foram superiores a onze mil euros. Bem vistas as coisas, se V. Exa. for considerado prejudicial ao país, “persona non grata” o senhor não terá feito mais nada do que comer, beber e passear, faustosamente, à custa do povo.
É importante reduzir o défice, mas a crise soberana não se resolverá enquanto não for respeitada a dignidade humana. Nada é mais importante num país do que as pessoas. Se num campo de milho, mais de metade das plantas morrerem, o agricultor não poderá sobreviver. Valemos mais do que o milho. Mas enquanto houver mais abortos do que nascimentos nas maternidades, o país não terá futuro e a crise continuará. Defende-se hoje mais uma ave de rapina ou uma planta em vias de extinção do que o próprio homem neste país governado por V. Exa. Há regiões despovoadas onde uma criança é uma raridade. O futuro está hipotecado.
V. Exa. desculpa-se com a crise internacional. Mas quem é que decidiu investir em obras megalómanas descontroladamente? Não é preciso ser sábio, basta um pouco de bom senso para reprovar toda esta política assassina que conduziu Portugal à ruína. Qualquer cidadão de bom senso sabe que não pode gastar mais do que o que ganha. O povo diz que “não se pode dar o passo maior do que a perna”.
Apesar de vivermos no séc. XXI, rodeados de grande evolução científica e tecnológica que nos permitiria viver com todas as facilidades e sem preocupações o que o governo de V. Exa. e toda a política socialista nos oferecem é precisamente o contrário: crise, desemprego, dificuldades, privações, cortes de toda a ordem, aumentos insuportáveis do custo de vida e dos bens de primeira necessidade, geração rasca, geração à rasca, geração “casinha dos pais”, geração adiada, geração sem remuneração, etc.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A tirania socialista

Há alguns anos, a luta política centrava-se no ataque a todas as formas da chamada exploração capitalista do patronato reaccionário, dos detentores dos monopólios, dos grandes grupos económicos e dos latifundiários que, sem respeito pelo povo e pelo operariado indefeso lhes sugava o fruto do seu trabalho. Hoje, é urgente unir as forças que nos restam para lutar contra a exploração socialista que engana o povo com mentiras, com promessas de bem-estar e que pôs o país a saque e em estado de sítio condenando os pobres, os remediados, os desempregados e os assalariados à fome e à miséria. Os monopólios e os grandes grupos económicos continuam, os lobbies, e quem dera, hoje, a muitos desempregados terem um patronato reaccionário que lhes desse emprego, lhes pagasse a tempo e horas e não lhes cortasse no salário.
Num cenário de recessão e de naufrágio da economia nada escapa à ganância fiscal deste governo que prometeu benefícios, apoios, empregos, desenvolvimento e um dourado estado social mas que, agora, corta em tudo, cada vez mais e mais, retira apoios, aplica taxas, aumenta impostos, desfaz compromissos, gerando desconfiança, insegurança e anarquia numa espiral de aumento de preços do pão, saúde e habitação e, em geral, de todos os bens de primeira necessidade.
Até os recém-nascidos não escapam a esta catástrofe. Qualquer criança que nasce, aquelas que escaparam ao édito mortífero do aborto, já vem endividada de dentro da barriga da mãe. Nascem já condenadas pelo pecado fiscal original. Que absurdo! Ao que isto chegou! Até estes inocentes, logo que abrem os olhos e entoam o primeiro choro, têm que correr para as Finanças a pedir o cartão de contribuinte, caso contrário não terão direito a uma fralda, a biberão ou uma papa. Este totalitarismo fiscal é uma autêntica tirania, uma perseguição fiscal intolerável e um enorme abuso de poder. Este controle total da vida privada sobre inocentes recém nascidos que não tiveram culpa nenhuma das dívidas contraídas por quem (des)governou antes de nascerem é inadmissível e configura uma verdadeira forma fascista autoritária de política fiscal e económica.
Enquanto isso, é escandaloso que os grandes casos de corrupção, que mancham a honra de quem manda, não sejam igualmente controlados, esclarecidos e resolvidos de forma pública e transparente.
Não há dinheiro para tratar as mães inférteis que queiram ter filhos nem para subsídios à maternidade e abono de família que também sofreram cortes austeros, mas continua a haver dinheiro para abortos às centenas, todos os anos.
O desespero deste governo é tal que, tudo o que mexe tem que pagar imposto para baixar o défice, resolver o endividamento excessivo e todos os desmandos de uma política fraudulenta, incompetente e criminosa.
Não podemos tolerar mais este estado de coisas. É urgente uma revolução a sério, com gente capaz, séria e competente.

Os cenários de recessão, de pobreza e de desemprego que já se sentem e se aproximam a passos largos contrastam fortemente com as encenações festivas e heróicas do governo que, em luminosas acções de propaganda, jura solenemente que “não haverá aumento de impostos”, nem “medidas de austeridade”, nem “despedimentos”, o que demonstra a enorme falta de realismo e seriedade de quem nos governa.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A passagem dos criminosos

De vez em quando vemos e ouvimos certas pessoas muito incomodadas e preocupadas, a protestar e a reclamar contra a passagem de uns quantos alegados criminosos, pelos ares de Portugal a caminho dos Estados Unidos. Já parece uma obsessão. Depois calam-se, esquecem-se como se nada de grave tivesse acontecido e como se deixassem de existir. É claro que ninguém gosta de ver criminosos ao pé da porta. Mas que mal tem, quando nem sequer fomos ameaçados ou prejudicados por tais criaturas? Questão de princípio, de justiça ou de soberania nacional – dirão. Dos milhares de aviões que todos os dias atravessam o nosso espaço, quem imagina quantos criminosos seguem a bordo sem que ninguém se preocupe com isso?
Em vez de se preocuparem com criminosos, em voos secretos que ninguém viu, não seria preferível essas pessoas preocuparem-se com os criminosos que vemos todos os dias, nos entram em casa, nos roubam, nos tiram a dignidade e nos ofendem nos nossos mais elementares direitos?
Ninguém fala, não oiço nem vejo essas mesmas pessoas incomodadas, a protestar contra os criminosos que são directamente responsáveis por esta crise, esta dívida soberana e esta desgovernação em que estamos metidos.
Ninguém protesta contra os criminosos que nos roubam parte dos salários que ganhamos honestamente.
Ninguém se incomoda com os criminosos que nos prometeram igualdade, milhares de empregos e progressismo mas só criaram desigualdade, desemprego e miséria. A maioria da população sobrevive com salários mínimos ridículos comparados com a maior parte dos países da Europa. Como é possível fazer face ao custo de vida cada vez mais difícil com os combustíveis a um preço insuportável enquanto esses criminosos, com fabulosos vencimentos e todo o tipo de mordomias ficam imunes aos sacrifícios que impõem aos outros.
Ninguém fala contra os criminosos que prometeram saúde tendencialmente gratuita, o Serviço Nacional de Saúde, mas nos sobrecarregam com taxas cada vez mais pesadas e custos sempre mais elevados em todo o tipo de serviços de saúde.
Ninguém protesta contra os criminosos que se intitulam paladinos do chamado “Estado Social” mas nos cortam, até, no abono de família que já vêm do tempo do Salazar, do tempo do fascismo. Afinal, quem é mais criminoso e mais fascista?
Ninguém se incomoda com os criminosos que nos têm mentido e enganado, dizendo que a crise não iria chegar, que a nossa economia iria resistir, depois, que já tinha passado e que já havia sinais de recuperação, que não iria haver aumento de impostos e que não seriam necessárias medidas de austeridade e agora nos impuseram pesados sacrifícios em nome do bem comum e para vencer a crise, enquanto eles arranjam formas de escapar a esta rigorosa austeridade.
Ninguém se incomoda com os criminosos cujo nome está incluído em inúmeros processos judiciais que nunca foram verdadeiramente esclarecidos, porque permitem que a Justiça esteja fortemente politizada em vez de ser independente, célere e imparcial.
Ninguém se incomoda com os criminosos que têm feito uma autêntica gestão danosa do património público vendendo imóveis indubitavelmente necessários ao funcionamento das instituições e de todos os serviços públicos que asseguram o funcionamento da vida democrática, ficando depois a pagar rendas exorbitantes às entidades privadas que os adquiriram. Qual é o cidadão, minimamente sensato, que vende a sua casa para saldar as dívidas ficando depois a pagar uma renda astronómica e incomportável para as suas possibilidades?
Ninguém se incomoda com os criminosos que degradaram os valores do humanismo e da moral com a aprovação de leis iníquas que são autênticos atentados contra a dignidade e os direitos da humanidade.
Ninguém se incomoda com os criminosos que hipotecaram as gerações futuras com dívidas cada vez mais elevadas, com desemprego, com desigualdade, com injustiça, com corrupção e todo o tipo de calamidades.
Os tais voos secretos que transportaram os alegados criminosos terão deixado apenas um rasto de CO2 na atmosfera enquanto estes outros criminosos deixaram um rasto de destruição e de morte que perdurará por muitas gerações. Mas deles ninguém fala.