sábado, 25 de fevereiro de 2012

Projecto de lei contra a seca



"Alguns partidos da oposição apresentaram um projecto de lei contra esta seca severa provocada pela situação meteorológica que vivemos actualmente, para ser votado na Assembleia da República, com carácter de urgência, devido à grave calamidade pública provocada pelo Verão reacionário que se instalou em pleno Inverno, em Portugal. Este projecto de lei vem na sequência de um outro sobre a adopção por casais homossexuais. Afirmam os promotores deste documento que os agricultores têm direito a que os seus campos sejam verdes, que as plantas cresçam, que as ovelhas tenham pastagens, sempre em abundância, e que os deputados devem reagir a esta atitude reaccionária do anticiclone dos Açores que não permite que chova em Portugal, há mais de dois meses. Propõem que a chuva caia em doses controladas e de acordo com as necessidades de cada região. O anticiclone dos Açores deve afastar-se para proporcionar a chuva abundante nas hortas e jardins, nos pomares e nas albufeiras, mas quanto às praias do Algarve, por ser uma zona de turismo, a chuva deve limpar apenas o pó das folhas das árvores e dos passeios. Nas grandes cidades e outros locais dados a orgias e bacanais não convém chuva em excesso e o calor deve continuar. Tal como os casais homossexuais, que têm direito a ter um filho e a serem pais, porque está em causa a defesa do superior interesse do adoptante, também terão direito a que o anticiclone do Açores não seja homofóbico. Muitos deputados abstiveram-se, outros votaram contra e outros, ainda, desmaiaram quando apresentaram uma declaração de voto para manifestar o seu apoio incondicional a esta medida revolucionária do Parlamento, já que o governo só se preocupa com medidas de austeridade, em obediência às normas da Troica deixando os homossexuais portugueses abaixo do limiar da sexualidade livre, satisfatória e reprodutiva. Os casais homossexuais devem ter direito a adoptar os filhos dos outros porque também têm direito a parecer uma família normal, têm cão, gato e periquito como os outros e não devem ser discriminados, porque o superior interesse egoísta deve sobrepor-se à dignidade da criança inocente que não teve culpa de ter nascido, nem tem voto na matéria. Alguns deputados referiram que esta iniciativa legislativa não tem pés nem cabeça, que devemos respeitar a natureza, que não temos o poder de lutar contra ela e que temos que acreditar que a chuva há-de vir, em breve. Logo se fez ouvir uma voz, com um ar de planta de estufa, do alto do seu pedestal, ripostando que a chuva não é uma questão de fé, que o governo devia solicitar as ajudas europeias para que os agricultores e criadores de gado pudessem subornar o S. Pedro. Só assim o governo poderá criar um plano de emprego e de desenvolvimento para fixar populações no interior despovoado, mesmo que seja só para entreter e gastar o subsídio e que o trabalho vá para as ortigas. O que interessa é ocupar os jovens desempregados, coitadinhos, que tiveram bom aproveitamento nas aulas de educação sexual, saudável e reprodutiva e não têm nenhumas perspectivas de futuro, incluindo os homossexuais.”

Sem comentários:

Enviar um comentário