A ameaça de demissão do Sr. António Costa, o tal primeiro ministro que não ganhou as
eleições, é mais um episódio desta palhaçada, desta falsa democracia em que
vivemos há algumas décadas.
Mas, afinal, a
acção desta coligação negativa não é sinal de que a “democracia” funciona? Os
deputados não exerceram, todos, o seu direito de voto, de forma livre? Por que
se irritou o Sr. António Costa? Acaso quer condicionar todo o parlamento ou
impor a sua vontade, de forma prepotente, em função dos seus interesses?
Numa verdadeira
democracia, numa democracia a sério, que não temos, bastaria uma maioria
simples para dar legitimidade ao governo e, ponto final. Que legitimidade têm
os partidos e os seus deputados que perderam as eleições para interferir em
acções do governo ou votar leis no parlamento, ao lado de quem ganhou? Os partidos
derrotados nas urnas deveriam ir para a oposição e, ponto final.
A maioria
simples deveria ser a condição suficiente e necessária para formar governo. Se
se verificar uma maioria absoluta, maior será a legitimidade de quem governa.
Mas, em qualquer dos casos, o governo deve governar durante a legislatura, sem
interferências da oposição.
O papel da
oposição deveria limitar-se a apresentar sugestões, críticas, alertas e
alternativas de forma livre, na cara do governo, sem sofrer represálias por estar,
precisamente, na oposição.
Para evitar
abusos de autoridade, as decisões do governo deveriam passar pelo crivo do
presidente da República, do tribunal constitucional e, eventualmente, outro
órgão de supervisão, a ser criado, como o Senado, por exemplo.
Para os
defensores desta farsa democrática e de coligações negativas, em que vivemos
actualmente, proponho uma alteração no sistema eleitoral para que as futuras
geringonças sejam legitimadas pelo povo. Como é que uma geringonça pode ser
legitimada pelo povo?
O cidadão
eleitor deverá assinalar, no boletim de voto, os partidos da sua preferência,
por ordem decrescente, colocando na quadrícula a numeração do primeiro ao
último. Assim, em vez de colocar apenas uma cruz, como até aqui, o eleitor
colocará, por exemplo, 1 no partido C, 2 no partido A, 3 no partido B, etc.
cada cidadão indicará as suas preferências.
Quando se fizer
o apuramento dos resultados, os partidos mais votados e que alcancem a maioria
absoluta, serão aqueles que formarão o governo para quatro anos. Os restantes
partidos irão para a oposição onde apresentarão críticas, sugestões, etc.
quando não concordem com as decisões do governo. Mas só terão direito a funções
governativas quando ganharem as próximas eleições.
Qualquer geringonça é uma solução absurda mesmo que
seja legitimada pelo voto popular porque dois partidos com projectos opostos
dificilmente poderão entender-se e irão passar o tempo no impasse. Mas não tem
sido assim há quarenta e cinco anos?
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