sábado, 21 de março de 2020

Pandemia e emergência: o colapso do regime e do país


Este regime de falsa democracia, em que vivemos, vai ser posto à prova e entrar em colapso, num futuro próximo em que se prevê uma quase total paralisação do país devido à pandemia do covid-19, a este estado de emergência, agora decretado, e aos que se seguirem.
Se o estado de emergência é para prevenir a calamidade pública que o vírus poderá provocar, certo é que há já muito tempo que estamos em estado de calamidade devido à gestão ruinosa da “res publica” que nos levou a várias bancarrotas, falências de bancos e de empresas, dívida pública monstruosa e à emigração em massa de uma faixa etária qualificada da população que deveria cá estar para assegurar o futuro. A calamidade da pandemia junta-se à calamidade de um país em destroços, transformado num asilo, às portas da morte, cada vez mais despovoado e abandonado onde quem ainda resiste sobrevive miseravelmente.
1. A macrocefalia do Estado é um dos enormes problemas que se irá fazer sentir. Temos uma classe dirigente megalómana em número, em despesa, em ignorância e em irresponsabilidade. O país, do ponto de vista político e económico, é uma casa portuguesa, pobre, sempre em obras, onde os inquilinos passam fome, frio e chuva, enquanto os gestores e engenheiros (políticos), às centenas, recebem remunerações milionárias e deixam a casa cada vez mais pobre e a desmoronar-se. Qual é o doido que contrata gestores desta natureza para a sua própria casa?
O governo é uma massa disforme de gente que só consome recursos. Há ministros aos montes cujas competências se sobrepõem e aparecem aos pares para falar sobre um problema qualquer, secretários e assessores que se estorvam uns aos outros e que não resolvem nada. E quem manda, afinal, é Bruxelas. Um país tão pequeno precisa de tanta gente no governo? E ainda querem a regionalização? Esta megalomania só tem sido possível graças a uma enorme carga de impostos que asfixia quem trabalha, quem produz e quem sustenta esta multidão de parasitas, uns ainda no activo e muitos outros na reforma. Se a máquina produtiva deixar de funcionar, como está a acontecer, será o colapso.
2. Outro grande problema desta falsa democracia é a ausência de poder e de autoridade. Quem detém a autoridade? Onde está o poder? Todos mandam e ninguém manda e o país anda sempre adiado e a reboque dos acontecimentos. Não há um poder firme, decidido e eficaz que resolva ou previna os problemas. É um poder diluído em águas turvas. Foi assim com a rapina dos bancos, com a catástrofe dos incêndios e com muitos outros casos de grande impacto negativo, como obras públicas que nunca saíram do papel mas custaram milhões.
Morreram dezenas de pessoas nos incêndios, identificaram-se várias causas e desculpas e não houve culpados. Se a pandemia ocorresse só em Portugal, o governo iria agir da mesma forma. Nos incêndios, o governo deixou arder e morrer, sem fazer nada. Teria sido mais fácil impor uma quarentena para circunscrever o “vírus” dos incêndios do que o do coronavírus. Mas como a pandemia veio de fora, o governo limitou-se, agora, a copiar o que os outros fizeram para não parecer mal. Mesmo assim, muita gente morrerá por falta de recursos num SNS em ruína, apesar de, teoricamente, ser um dos melhores do mundo.
3. Outro grande problema deste regime e deste governo é que esta classe política reinante, um pouco por todo mundo ocidental, vive como se nunca adoecesse e morresse. Faz uma política de vacas gordas, mas só para benefício próprio. O povo, pelo contrário, vive sempre em tempo de vacas magras. Por isso este regime e este governo não estão preparados para enfrentar calamidades desta natureza. Todo o mundo ocidental tem prometido democracia e igualdade mas nunca tivemos uma sociedade tão desigual, tão conflituosa e tão descontente (greves, manifestações, coletes amarelos, etc.). Costuma dizer-se que há males que vêm por bem e o positivo desta pandemia é a tomada de consciência da real igualdade entre todos, perante este inimigo invisível. O covid-19 ataca ricos e pobres sem discriminação e obriga todos à clausura. Não se justifica que um grande gestor ganhe, por mês, mais do que o que o resto do povo recebe num ou dois anos de trabalho. Nenhum gestor tem poder para escapar à epidemia. O que lhe vale o dinheiro?
A capacidade de produção de riqueza é, hoje, muito superior à de um passado recente. Por que razão se mantêm tantas e tão grandes diferenças salariais? Para onde tem ido a riqueza produzida e acumulada? É tempo de as grandes fortunas acumuladas de forma imoral e fraudulenta, em offshore clandestinos, ao longo de anos, à revelia das leis e da deontologia, voltarem, agora, às contas bancárias de milhares de clientes que ficaram sem os seus depósitos, sem as suas reformas, sem as suas economias de uma vida de trabalho mesmo depois dos bancos obrigarem toda a gente a pagar taxas e taxinhas para sobreviver.
É tempo de acabar com remunerações milionárias dos gestores de empresas públicas e privadas porque o mundo é de todos e a pandemia é universal.
4. O grande problema de fundo é a globalização da economia numa Europa sem rumo, que se desviou dos princípios originários e que controla a economia em função dos interesses de alguns estados membros dominantes. Muitas actividades económicas foram encerradas em Portugal. Por que razão não se dá apoio à agricultura de minifúndio, à pecuária e a muitas outras actividades da economia doméstica? É preferível termos os campos abandonados e o interior despovoado?
O mundo nunca mais será como dantes. A pandemia obriga-nos a voltar à realidade. Não podemos continuar a acreditar numa economia suportada e gerida por mercados bolsistas virtuais que também sucumbem à pandemia e em políticos irresponsáveis e incompetentes. O colapso está iminente.

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