quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Nova Carta aberta ao presidente da República e ao primeiro-ministro

Exmo. Senhor Presidente da República, Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa
Exmo. Senhor primeiro-ministro, Dr. António Costa
Não podemos calar a nossa indignação e revolta perante a criminalidade incendiária que destrói o país sem que o poder político, os responsáveis máximos pelo nosso destino colectivo se resolvam acabar com esta tragédia.
As imagens das enormes labaredas que transformam as nossas montanhas e florestas num inferno gigante de brasas incandescentes provocam uma dor e uma angústia indiscritíveis a qualquer português que se preze e que preze a sua terra. Cada dia que passa, o trauma torna-se mais vivo. O país está doente e agonizante. Não podemos admitir que o governo e o presidente da República mantenham uma atitude de indiferença e de um certo desprezo perante esta enorme catástrofe. É uma destruição total que vai demorar anos a recuperar, são prejuízos incalculáveis enquanto os poderes do Estado parecem continuar impávidos e serenos como se nada fosse.
É preciso tomar como ponto assente, axiomas indubitáveis, o seguinte:
1. Os fogos são, na quase totalidade, de origem criminosa.
2. É urgente acabar com esta criminalidade.
3. Não podemos continuar reféns dos criminosos. Os criminosos não podem ter a última palavra.
4. Exigimos da parte dos órgãos do poder do Estado uma resposta firme e eficaz contra esta destruição criminosa do país.
Que confiança podemos ter no governo quando a ministra da Administração Interna declara que muitos incêndios (a maior parte) têm origem negligente e dá como exemplo o cidadão que vai deixando cair as brasas do grelhador que transporta na sua motoreta? Alguém acredita num disparate destes? Isto não é passar um atestado de estupidez a todo o povo?
Que confiança podemos ter no governo que não se empenha em investigar o crime incendiário porque parte do princípio de que não há crime?
Que confiança podemos ter no governo, neste e nos anteriores e em toda a classe política em geral, se parecem ter receio de enfrentar o crime incendiário?
Porquê todo este receio, este silêncio perante o crime incendiário? Terá o governo receio de que também fique “queimado”? Estaremos perante uma poderosa rede organizada de criminosos, bem conhecida do governo, e que por isso não tem coragem para enfrentar porque tem medo de perder o mandato?
Admite-se que o governo deixe arder o país para salvar a sua “pele”, se for esse o caso?
Que governo é este que deixa que os criminosos destruam o país e “governem” poderosamente pela maldade?
Como é possível que haja chamas cada vez mais violentas que avançam com tanta velocidade pelos montes e pelos vales como se tivessem um rastilho no solo? Onde foram parar as armas e as munições obsoletas de Tancos? Terão, os criminosos, espalhado a pólvora pelo mato?
É admissível que o governo e o presidente da República não façam nada, não digam nada, não tranquilizem os portugueses sobre esta enorme desgraça enquanto o país parece um barril de pólvora ou um campo minado e armadilhado pronto a explodir?
Se todos os anos, tal como actualmente, muitos autarcas têm manifestado a suspeição da origem criminosa dos incêndios que destroem os seus concelhos, porque é que o governo continua a desprezar esta realidade?
Porque é que cada vez há mais incêndios, apesar de já terem sido presos quase uma centena de alegados incendiários e todos os anos se tem repetido a mesma história?
Não acreditamos que o senhor primeiro ministro e o senhor presidente da República não saibam quem são os criminosos que pretendem que Portugal fique reduzido a escombros. Esta situação é demasiado grave para ficarmos de braços cruzados e deixarmos que nos matem. O ar já está irrespirável. Já foram eliminadas quase todas as manchas verdes do país. O povo exige que o governo e o presidente da República digam e esclareçam o país sobre quem lança os fogos. Exigimos que sejam mobilizados todos os nossos recursos para acabar com esta chacina. É uma prioridade nacional. Mais do que homenagear as vítimas do terrorismo é urgente acabar com o terrorismo dos incêndios que devasta o nosso país, que já causou muito mais vítimas e continua, ainda, a provocar a agonia de milhares de portugueses que, sem os seus haveres se transformam em mortos-vivos. Não sei se é uma rede organizada, se é um grupo terrorista ou se são incendiários por conta própria, o que sei é que não podemos tolerar esta praga de incêndios que de dia e de noite, de uma forma sistemática, nos está a asfixiar e a destruir os nossos recursos naturais, as condições de vida, o ambiente, a fauna e a flora do país.
Basta! Basta! Basta! O povo exige respostas!

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