terça-feira, 4 de novembro de 2014

Licenciados a mais?



É estranho alguém afirmar que um determinado país tem licenciados a mais e por isso é que tem também um elevado nível de desemprego. Sempre ouvi dizer que “o saber não ocupa lugar” e que “é bom saber de tudo e usar o melhor” ou “uma boa formação cultural é a condição para a liberdade e autonomia”. Nos tempos modernos, com a evolução das ciências e da tecnologia tem sido possível fazer com que a maioria da população de um determinado país, no mundo ocidental, tenha acesso à escola para que possa conhecer-se a si próprio, conhecer o mundo à sua volta, o pensamento e as obras dos seus antepassados e as linhas que projectam o futuro. A luta contra a ignorância tem sido um dos objectivos principais da modernidade.
Ouvir alguém dizer que há licenciados a mais e que a formação profissional é suficiente para viver e para resolver o problema do desemprego, leva-me a concluir que basta saber apertar um parafuso, manobrar uma máquina, conduzir um veículo, lidar com a informática ou cortar bem um bife para o cliente. Basta formar bons animais de trabalho, eficazes e subservientes, que não protestem, que não reclamem e que não pensem pela sua própria cabeça.
Quem pensa que há licenciados a mais é porque pretende que o povo continue na ignorância para que possa ser mais facilmente manipulado e escravizado. É a política da prepotência e da incompetência que não tem capacidade para resolver os verdadeiros problemas de um país e que não tem resposta para novos desafios e para uma cultura diferente e/ou superior.
Quem afirma que há licenciados a mais é porque pensa que eles podem vir a ser uma ameaça para o poder político inculto e atávico, prisioneiro dos limites da incompetência e do preconceito.

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