É estranho alguém afirmar que um
determinado país tem licenciados
a mais e por isso é que tem também um elevado nível de desemprego. Sempre ouvi
dizer que “o saber não ocupa lugar” e que “é bom saber de tudo e usar o melhor”
ou “uma boa formação cultural é a condição para a liberdade e autonomia”. Nos tempos
modernos, com a evolução das ciências e da tecnologia tem sido possível fazer
com que a maioria da população de um determinado país, no mundo ocidental,
tenha acesso à escola para que possa conhecer-se a si próprio, conhecer o mundo
à sua volta, o pensamento e as obras dos seus antepassados e as linhas que
projectam o futuro. A luta contra a ignorância tem sido um dos objectivos
principais da modernidade.
Ouvir alguém dizer que há
licenciados a mais e que a formação profissional é suficiente para viver e para
resolver o problema do desemprego, leva-me a concluir que basta saber apertar
um parafuso, manobrar uma máquina, conduzir um veículo, lidar com a informática
ou cortar bem um bife para o cliente. Basta formar bons animais de trabalho,
eficazes e subservientes, que não protestem, que não reclamem e que não pensem
pela sua própria cabeça.
Quem pensa que há licenciados a mais
é porque pretende que o povo continue na ignorância para que possa ser mais facilmente
manipulado e escravizado. É a política da prepotência e da incompetência que
não tem capacidade para resolver os verdadeiros problemas de um país e que não
tem resposta para novos desafios e para uma cultura diferente e/ou superior.
Quem afirma que há licenciados a mais é porque
pensa que eles podem vir a ser uma ameaça para o poder político inculto e atávico,
prisioneiro dos limites da incompetência e do preconceito.
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