terça-feira, 15 de outubro de 2013

Manifestação na ponte Salazar



É curioso e até um pouco estranho que o sindicato dos comunistas portugueses, a CGTP, teime em fazer uma manifestação na ponte Salazar, entretanto usurpada, ilegitimamente, depois de 1974 e rebaptizada de ponte 25 de Abril. Toda a gente, de bom senso, sabe que não é aconselhável uma manifestação naquele sítio e que uma manifestação política não é a mesma coisa que uma corrida de atletismo ou uma procissão religiosa. Os participantes não são seleccionados como numa corrida e a fé dos “crentes” pode manifestar-se de forma imprevista e violenta. Gritar por gritar, pode fazer-se em qualquer sítio, mas em cima de uma ponte, mais depressa as palavras serão levadas pelo vento e não chegarão com a mesma eficácia aos verdadeiros destinatários. Gritar de cima de uma ponte não terá o mesmo efeito que gritar aos ouvidos do governo, ali bem junto do Terreiro do Paço ou em S. Bento. E teimar que seja em cima de uma ponte já mais parece uma birra de criança ou de adolescente mal amada que anseia por um “fait divers” e nada mais. Usar hoje o slogan “Pontes por Abril” já soa mais a saudosismo nostálgico sem repercussões, sem eficácia e sem resposta aos problemas reais dos portugueses que cada vez mais passam fome.

Com esta enorme teimosia, esta certeza e garantia de que não haverá problemas de segurança, em cima da primeira ponte sobre o Tejo, em Lisboa, talvez o dirigente sindical pense numa manifestação da maioria silenciosa, à maneira do 28 de Setembro, para comemorar uma data, já um pouco retardada, e a figura do general Spínola com as suas ideias de “Portugal e o Futuro”.

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