quinta-feira, 18 de outubro de 2012

A lei do aborto é a lei da crise



Camões propôs-se cantar, em “Os Lusíadas” os heróis da pátria designando-os como “aqueles que por obras valerosas se vão da lei da morte libertando”. Se Luís de Camões vivesse hoje não teria, com certeza, heróis que merecessem tão ilustre poema. Pelo contrário os heróis de hoje, os donos do poder, os anti-heróis, são aqueles que, por obras execráveis se vão da lei da vida libertando, colocando todos os portugueses na mesma situação.
Diz a sabedoria popular: “vamos à vida que a morte é certa”. Ninguém, no seu perfeito juízo, deseja morrer e só espera que isso aconteça ao fim de uma longa vida. Mas em Portugal, apesar de toda a gente saber que a morte é certa, esta verdade absolutamente inquestionável, ainda assim, foi escrita, reforçada e aprovada, ao mais alto nível do poder, como uma lei fundamental que deve vigorar em todo o país. Como é que um governo que aposta na morte, apoia a morte e financia a morte, pretende que haja vida, haja futuro e prosperidade? Ou o governo governa para a vida ou governa para a morte, não pode governar para as duas coisas. Como é que um agricultor pode colher bons frutos se destruir a sementeira pouco depois de lançar a semente à terra?
Estamos perante uma lei inconstitucional porque todos têm direito à vida e pelo mesmo motivo esta lei é contra a declaração universal dos direitos do homem e contra o direito natural.
Mas o absurdo desta morte oficializada é que se pratica mesmo antes do nascimento. Estamos perante um enorme genocídio, uma matança de inocentes que configura um cenário de guerra em que se mata “por amor”, o que se torna ainda mais absurdo. O estado de calamidade em que se encontra o país e grande parte da europa e do mundo, que tem apostado nesta linha da morte, reflecte-se no caos, no desemprego, nas falências, na miséria e na fome. Aparentemente a vida corre o seu curso normal: a terra gira e dá lugar aos dias e às noites. As ruas, as praças, as casas e os campos parecem continuar nos seus lugares, mas por detrás destas aparências o mundo está em destroços e virado do avesso. As vítimas do genocídio clamam por justiça. Os gritos de revolta contra a fome e a miséria só demonstram que a guerra não está ganha e que os vencidos serão, no fim, vencedores.
A evolução tecnológica, cultural e científica que deveria permitir uma vida tranquila, farta e feliz não resolve, afinal, nenhum dos nossos problemas. Nunca a humanidade teve tanta capacidade de produzir riqueza como hoje, mas vivemos na miséria. Os gritos de revolta, as manifestações e as discussões ao nível do poder político só revelam o estado desta doença epidémica que alastra e contamina toda a sociedade. Se tudo estivesse nos seus lugares veríamos os médicos sem muito trabalho, sinal de que toda a gente era saudável, os advogados sem expediente, os bombeiros ociosos, os polícias folgados, etc. e por outro lado, veríamos todos os campos cultivados, as fábricas cheias de trabalho e as escolas repletas de alunos e professores. Mas, infelizmente o que observamos são as clínicas de aborto com as portas abertas para a morte, as maternidades encerradas, as estradas e auto estradas sem veículos, os cafés e restaurantes sem clientes e as fábricas na falência, em ruínas e os trabalhadores sem trabalho e a passar fome.
Ninguém pode matar uma águia peneireira, um lince da Malcata, cortar um ramo de sobreiro ou de carrasqueiro, ninguém pode derramar lixo poluente na água ou no solo ou destruir um ninho de perdiz, ninguém pode fazer nenhuma destas coisas porque será castigado por estar a destruir o ambiente, mas uma mulher pode, livremente, matar um filho. E se o fizer, não recebe qualquer castigo, mas pelo contrário, terá todo o apoio do estado. Enquanto o estado desvia dinheiro para pagar o aborto, silenciosamente, falta-lhe dinheiro para pagar aos seus funcionários, retira-lhes os subsídios de férias e de Natal, corta-lhes os vencimentos e pensões, despede quem precisa de trabalhar e sobrecarrega com impostos os que ainda resistem, tornando a vida insustentável.
Vivemos hoje num mundo impróprio para cardíacos mas, num cenário destes, não haverá ninguém que não sofra do coração, a não ser que tenha um coração de pedra.
Por mais medidas de austeridade que se tomem, por mais contas de matemática que se façam, por mais revoltas e manifestações que saiam à rua, por mais lutas sindicais que se desenvolvam para diminuir o défice e para resolver a crise, tudo será em vão enquanto o défice da vida for maior do que o da morte.
Num país em que grande parte do orçamento serve para financiar a morte, em que parte da medicina está ao serviço da morte em vez de estar ao serviço da vida, em que as empresas e as pessoas estão asfixiadas por todo o tipo de impostos, taxas e portagens como é possível sobreviver?

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