quinta-feira, 20 de maio de 2010

O governo da crise

O regime da falsidade, da fraude e da mentira
A entrevista ao senhor primeiro-ministro no dia 18 de Maio de 2010, na RTP, confirmou a imagem que a maioria dos portugueses tem vindo a criar acerca do chefe do governo que temos e a própria auto imagem que ele parece ter de si próprio: a descredibilidade total. De forma intuitiva, o primeiro-ministro parece dar a entender que não acredita em si próprio. São muitos os indícios, ao longo dos últimos anos: as enormes suspeitas dos casos em que o seu nome está metido, a licenciatura, as obras na Guarda, a estação de tratamento de resíduos na Cova da Beira, o Feeport e por fim o negócio PT/TVI e ainda as Comissões de Ética e de Inquérito de que é alvo.
A falta de credibilidade parece estar ainda, nas atitudes de quem parece que nunca conhece a situação económica do país, para quem a crise ainda cá não chegou ou já passou, para quem a nossa economia é mais resistente e imune à crise. Outros factores de descrédito são as dificuldades na aprovação do último Orçamento, na apresentação do PEC, as contradições nas decisões sobre as obras públicas, sobre a decisão de aumentar ou não os impostos e a sua total incompetência em resolver os problemas graves da economia, indo a reboque do principal partido da oposição para tomar medidas cujas consequências não consegue prever, nem sabe dizer até quando vão ser precisas.
Por outro lado este primeiro-ministro foge dos jornalistas “como o diabo da Cruz”, nunca se sente à vontade nas entrevistas e os assuntos abordados são previamente seleccionados, o que mostra que não está à vontade para ser interrogado sobre qualquer assunto da sua governação. Um primeiro-ministro assim, limitado e condicionado, não inspira nenhuma confiança nem credibilidade.
Não pede desculpa aos portugueses porque considera que faz tudo bem, cumpre o dever e nunca se sente responsável pela crise que, se existe, veio de fora. Os outros, que não sabe identificar, é que são os responsáveis.
A promessa dos 150 mil empregos mostra bem a ingenuidade e a incompetência dum governo que acaba, praticamente, na bancarrota.
A aprovação de leis polémicas, mas fortemente prejudiciais à moral, como o aborto, o divórcio e o casamento gay são indícios fundadores de uma forma de existência baseada no facilitismo, na irresponsabilidade, na falsidade e numa certa concepção fraudulenta da dignidade humana e dos direitos fundamentais.
Este primeiro-ministro comporta-se como se os resultados das várias Comissões que o investigam já tivessem proclamado o veredicto final com o seguinte teor: “A Comissão de Inquérito Parlamentar à actuação do senhor primeiro-ministro e do Governo no negócio falhado da TVI pela PT concluiu que houve uma clara falta à verdade perante o Parlamento e perante o país. Apurou-se, com toda a clareza, que o senhor primeiro-ministro mentiu. O negócio estava a ser preparado pelos representantes da Goldsharing do Governo na PT e sob as ordens do senhor primeiro-ministro, com o desconhecimento total dos principais responsáveis desta empresa”.
As atitudes de alheamento do senhor primeiro-ministro face à verdadeira realidade do país, as suas constantes hesitações e a sua incapacidade em assumir responsabilidades parecem querer transparecer a ideia de que ele próprio sente que já está no lugar errado há muito tempo, que já não consegue fingir que está determinado e empenhado em governar e que já não acredita em nada do que faz, porque há muito tempo parece adivinhar uma conclusão idêntica à referida acima. Uma conclusão que se tem arrastado demasiado tempo, o que lhe parece causar grande stress e impaciência.
Mais parece uma marioneta animada, uma personagem trágica, num palco caótico, num enredo de falsidades, de fraude e de mentiras. Parece que já está e se sente condenado há muito tempo e por isso parece sentir-se cansado e desgastado de levar uma vida dupla e de pedir a todo o governo e ao partido que continuem a mentir e a fingir que a falsa realidade que criam é verdadeira. Dá a impressão que quer gritar: “Tirem-me daqui!” O país ficar-lhe-ia muito grato.

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