quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Avaliação dos professores

Toda a verdade sobre a avaliação dos professores
O problema central
Muita tinta tem corrido por causa da avaliação dos professores, muitas opiniões, muitas críticas, etc. mas é tempo de perceber claramente qual é a questão principal, para este governo e para o anterior.
O objectivo principal deste governo nunca foi e não é apurar quem são os melhores professores, mas unicamente poupar dinheiro, travando a progressão dos professores na carreira. Daí a divisão em titulares e não titulares e toda a embrulhada burocrática de grelhas e tudo o resto.
Mas temos de recuar um pouco mais para enquadrarmos todo este problema no contexto da política pós 25 de Abril.
Primeiro, e recuando um pouco mais, Portugal nunca foi uma potência económica, apesar de Marcelo Caetano ter declarado essa possibilidade num futuro próximo, pouco antes da revolução. Portugal nunca foi um país rico: basta ver o nível salarial da maior parte da população que tem perdido cada vez mais poder de compra, nos dias que correm, basta ver o fluxo migratório desde a conquista de Ceuta até aos nossos dias com diferentes intensidades para diversas partes do planeta, as assimetrias e desigualdades litoral/interior, ricos/pobres, além da falta de recursos naturais. E grande parte da riqueza criada e das mais valias acumuladas é normalmente, delapidada pela avidez e pela corrupção.
Segundo, com a conquista da liberdade e todo o processo revolucionário de 1974 criou-se a ideia de que os aumentos salariais estavam ao alcance de toda a gente e que a pobreza e a dificuldade pertenciam ao passado. Duma forma geral, os sindicatos reivindicaram cada vez melhores remunerações e os governantes, na mesma linha ideológica, julgaram que o tempo das vacas gordas nunca mais iria acabar e a democracia seria sinónimo de prosperidade (Salazar e Marcelo Caetano viveram pobres, morreram sem nada e tinham deixado os cofres cheios de oiro!).
Terceiro, a começar pelos políticos, basta ver as mordomias oferecidas aos deputados: salários, reformas vitalícias ao fim de pouco mais de meia dúzia de anos, ajudas de custo para viagens em classe executiva, alojamento, etc.
Quarto, temos ouvido dizer muitas vezes que o Estado tem uma máquina muito pesada, significa isto que a despesa com todos os funcionários públicos, desde o mais baixo ao mais alto, se torna um fardo pesado para o Orçamento.
Este pequeno esboço já nos permite compreender a situação actual e o problema central que está na base de toda a polémica da avaliação dos professores: o Estado não tem dinheiro para pagar aos seus funcionários e por isso, para conter o défice, como exige a Comunidade Europeia, alguma coisa teria de ser feita.
Porque é que teriam de ser os professores a pagar as favas? A única explicação que eu tenho é a seguinte: um primeiro-ministro que terá tirado um curso de uma forma que nunca foi bem explicada e fazia exames por fax partirá do princípio de que os professores não têm grande importância e que é um desperdício gastar dinheiro com eles todos os meses. Será que ganham muito? Nem por isso mas são mais de cento e cinquenta mil. A comprovar a pouca importância dos professores para este primeiro-ministro é o estatuto do aluno que lhe confere todas as facilidades para ser aprovado. Também, a anterior ministra da educação afirmou em 29 de Abril de 2009 que um aluno custa ao Estado cerca de 3000 euros por ano. Se reprovar um ou dois anos, basta fazer as contas...
Por outro lado, para este primeiro-ministro, basta ter um computador e aprender umas palavras de inglês para ter sucesso na vida.
A acrescentar a isto está o chamado programa de “Novas Oportunidades” que não passa de uma farsa que só serve para dar diplomas, para aumentar as estatísticas dos níveis de escolaridade, com a vantagem para o Orçamento do Estado, de ser considerado um "processo de formação" financiado pelos fundos comunitários.
Mais uma prova, ainda, de que este modelo de avaliação dos professores, extremamente burocrático, para dar a aparência de sério e rigoroso, era uma farsa é o facto de que o governo premiou a melhor professora do país no fim do ano lectivo passado. Se não havia avaliação, como chegou a essa conclusão?
Tudo o que foi dito basta para concluir que para este governo a escola e os professores não têm grande importância. O investimento que, aparentemente, está a fazer na educação com a requalificação/reconstrução de inúmeras escolas de norte a sul do país tem apenas como objectivo dinamizar a economia e criar emprego, como tentativa, na sua perspectiva, de vencer a crise.
O princípio do século XXI vai ficar como um período negro na História de Portugal a nível político, económico e cultural. Esta nódoa, criada por este governo, não vai sair facilmente e por isso estamos condenados a continuar na cauda da Europa por muitos  e muitos anos. (ad saecula, saeculorum)

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