É completamente absurdo que certos
políticos se preocupem tanto com a morte quando se deviam preocupar mais e
principalmente com a vida. O que é mais importante: morrer com dignidade ou viver
com dignidade? Se as pessoas tiverem uma vida com dignidade não terão também
uma morte com dignidade? Porque é que certos políticos se preocupam com a
dignidade só quando a luz se apaga e não enquanto a luz se mantém acesa? Morrer
com receita médica dá mais dignidade à morte?
Num país dominado pela austeridade
em que muita gente passa fome, está desempregada, é vítima de várias formas de
corrupção e de injustiças, sobrevive escravizada sob uma pesada carga de
impostos, etc., que urgência há em falar e discutir a morte? Não se devia dar prioridade
a encontrar soluções para os enormes problemas que transformam a vida dos portugueses
num inferno, todos os dias? Se a vida é inviolável, e está escrito na
Constituição, que sentido faz discutir a despenalização da morte, como
eutanásia? Toda a gente sabe que tudo tem remédio menos a morte mas há certos
políticos que, não tendo competência para dar uma vida digna a todos os
portugueses, a única coisa que lhe oferecem é a morte. A morte é como um
remédio para todos os males: Dói-te a cabeça? “Morre”! Estás desempregado e sem
esperança na vida? “Morre”! Estás deprimido? “Morre”!
Toda a gente se lembra de um piloto
suicida que se fechou no cockpit e matou dezenas de pessoas ao despenhar,
intencionalmente, o avião contra as montanhas. Quando vejo certos políticos,
que nos governam, a discutir a morte para despenalizar a eutanásia parece-me que
quem temos ao leme não está no seu perfeito juízo e não tem competência para
levar toda a gente a bom porto.
Como é possível que certos partidos
criminalizem a morte de animais mas queiram despenalizar a morte das pessoas? Sim,
hoje não se pode matar um cão, um gato ou um touro mas tolera-se facilmente
despenalizar a morte das pessoas. Como é possível que certos políticos se
preocupem com projectos de lei sobre a despenalização da eutanásia mas não
pensam em apresentar projectos de lei que dêem mais qualidade de vida e
dignidade a todos os portugueses?
Os políticos que aceitam e defendem a
eutanásia são os mesmos que já propuseram e legalizaram o aborto. Políticos destes
que facilitam todas as formas de tirar a vida às pessoas desvalorizam
completamente a vida humana, manifestam uma enorme fraqueza perante as
dificuldades da vida e levam-nos a concluir que perante governantes desta
natureza a vida está completamente desprotegida, ameaçada e precarizada: o nascimento
é ameaçado pelo aborto, mas se alguém escapar a esta ameaça e se se vir
confrontado com uma doença considerada incurável, o governo oferece facilmente
a receita da morte. A vida deixará de fazer qualquer sentido. De facto, já não
vale a pena nascer.
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