quarta-feira, 10 de junho de 2009

Educação sexual?

Preservativos grátis.

O governo, pela voz do primeiro-ministro José Sócrates, propôs, há dias, a distribuição gratuita de preservativos nas escolas, no próximo ano lectivo, de acordo com o seu programa de educação sexual.
Esta proposta é, com toda a evidência, mais uma medida avulsa que não vai ter consequências práticas, como tem acontecido com a maioria das decisões deste governo, por diversas razões:
Primeiro: se um dos grandes objectivos da educação sexual é promover a saúde reprodutiva entre os jovens, não será uma falha grave a inexistência de condições efectivas para que isso aconteça? Como é que um rapaz, sexualmente bem formado e informado, pode dar o devido uso ao seu preservativo se a escola não tiver instalações apropriadas? Se o fundamental da educação sexual está no preservativo, e não se trata do sexo dos anjos, por que não transformar algumas salas de aula em cubículos confortáveis para o efeito? (Nada foi esclarecido sobre a forma das sessões, se colectivamente ou em privado.) Não será uma enorme frustração sexual ter que ir para o jardim, para debaixo da ponte, para um campo de milho ou embrenhar-se na vegetação ripícola, ecologicamente agradável, mas sujeito a alergias, picadas de insectos e outras mazelas? Alugar um quarto, nem que seja no hotel mais económico da região, não estará ao alcance de qualquer estudante. Em casa? E se os pais forem anti-progressistas e antiquados, como poderão admitir poucas vergonhas sob o seu tecto? Só haverá uma alternativa, apetrechar as escolas com modernos e confortáveis divãs freudianos onde os jovens, em início de carreira, dando largas à "libido", possam realizar a sua catarse sexual, onde não faltem afrodisíacos e produtos afins, caso contrário continuará tudo como dantes: nos becos, nas vielas, no meio do lixo dum armazém abandonado ou na poeira húmida da cave de uma casa em ruínas pejada de ratazanas e teias de aranha. Provavelmente, o senhor primeiro-ministro já terá pensado em tudo isto e as novas escolas, em construção por todo o país, já terão resolvido esta grave lacuna.
A falta de instalações adequadas implicaria, também, uma grande falta de higiene e não tardaria que proliferassem pela relva e pela calçada os imundos látexes das delícias a poluir o caminho. Imagine-se o embaraço de uma professora de Biologia, a entrar na aula, com o salto alto conspurcado por uma camisinha abandonada!
Uma outra razão que me leva a considerar que a distribuição gratuita de preservativos é uma medida avulsa e sem efeitos práticos é precisamente por serem gratuitos. Tudo o que é dado gratuitamente desvaloriza quem recebe e desmotiva quem dá. Toda a educação exige esforço, sempre foi assim. Os jovens têm que saber o que custa a vida. Se na educação sexual tudo é dado, o preservativo, a parceira, que se oferece com prontidão, a escola que aprova, o governo que apoia e todas as associações de pais e alunos que aplaudem, como é que pode existir uma sexualidade consciente e responsável? Tornar cara e difícil a aquisição do preservativo não seria uma razão forte para o usar? Não faria reflectir e tomar consciência do acto? Todo este facilitismo não torna o sexo demasiado banal e desmotivante? Se tudo é dado em troca de nada quem é que assume a responsabilidade? Onde está aquela tensão que faz sobressair o poder e o sabor da conquista que torna o troféu mais valioso, porque mais desejado?

Qual ilha dos amores, os heróis foram presenteados com as suas ninfas, como troféu, depois de "por mares nunca dantes navegados" terem passado "além da Taprobana" e depois de "em perigos e guerras esforçados" terem erguido "Novo Reino que tanto sublimaram"! Onde estão agora os heróis? Por que razão se hão-de oferecer camisinhas? Para ganhar votos? Comprar votos com camisinhas? Como, se os jovens vão estar mais inclinados para o leito do que para a urna?

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